sem título


Pedindo uma Pizza em 2020

recebi esse email e achei muito oportuno,
já que estamos passando por tal momento, digamos, no miníno irreal...
Pedindo uma Pizza em 2020





Telefonista:
Pizza Hot, boa noite!




Cliente: Boa noite, quero encomendar pizzas...





Telefonista: Pode me dar o seu NIDN?





Cliente: Sim, o meu número de identificação nacional é 6102-1993-8456-54632107.





Telefonista: Obrigada, Sr. Lacerda. Seu endereço é Av. Pães de Barros, 1988ap.52 B, e o número de seu telefone é 5494-2366, certo? O telefone do seu escritório da Lincoln Seguros é o 5745-2302 e o seu celular é 9266-2566.





Cliente: Como você conseguiu essas informações todas?





Telefonista: Nós estamos ligados em rede ao Grande Sistema Central.





Cliente: Ah, sim, é verdade! Eu queria encomendar duas pizzas, uma quatro queijos e outra calabresa...





Telefonista: Talvez não seja uma boa idéia...





Cliente: O quê?





Telefonista: Consta na sua ficha médica que o Sr. sofre de hipertensão e tema taxa de colesterol muito alta. Além disso, o seu seguro de vida proíbe categoricamente escolhas perigosas para a sua saúde.





Cliente: É, você tem razão! O que você sugere?





Telefonista: Porque o Sr. não experimenta a nossa pizza Superlight, com tofu e rabanetes? O Sr. vai adorar!





Cliente: Como é que você sabe que vou adorar?





Telefonista: O Sr. consultou o site "Recettes Gourmandes au Soja" daBiblioteca Municipal, dia 15/01, às 14:27h, onde permaneceu ligado à rede durante 39 minutos. Daí a minha sugestão...





Cliente: OK, está bem! Mande-me duas pizzas tamanho família!





Telefonista: É a escolha certa para o Sr., sua esposa e seus 4 filhos, podeter certeza.





Cliente: Quanto é?





Telefonista: São R$49,99.





Cliente: Você quer o número do meu cartão de crédito?





Telefonista: Lamento, mas o Sr. vai ter que pagar em dinheiro. O limite doseu cartão de crédito já foi ultrapassado.





Cliente: Tudo bem, eu posso ir ao Multibanco sacar dinheiro antes que chegue a pizza.





Telefonista: Duvido que consiga, o Sr. está com o saldo negativo no banco.




Cliente: Meta-se com a sua vida! Mande-me as pizzas que eu arranjo o dinheiro. Quando é que
entregam?





Telefonista: Estamos um pouco atrasados, serão entregues em 45 minutos. Se o Sr. estiver com muita pressa pode vir buscá-las, se bem que transportarduas pizzas na moto não é aconselhável, além de ser perigoso...





Cliente: Mas que história é essa, como é que você sabe que eu vou de moto?





Telefonista: Peço desculpas, mas reparei aqui que o Sr. não pagou as últimas prestações do carro e ele foi penhorado. Mas a sua moto está paga, e então pensei que fosse utilizá-la.





Cliente: @#%/§@&?#>§/%#!?!?!?!?!?!?!





Telefonista: Gostaria de pedir ao Sr. para não me insultar... não se esqueçade que o Sr. já foi condenado em julho de 2006 por desacato em público a um Agente Regional.





Cliente: (Silêncio)





Telefonista: Mais alguma coisa?





Cliente: Não, é só isso... não, espere... não se esqueça dos 2 litros deCoca-Cola que constam na
promoção.





Telefonista: Senhor, o regulamento da nossa promoção, conforme citado no artigo 3095423/12, nos proíbe de vender bebidas com açúcar a pessoas diabéticas...





Cliente: Aaaaaaaahhhhhhhh!!!!!!!!!!! Vou me atirar pela janela!!!!!





Telefonista: E machucar o joelho? O Sr. mora no andar térreo!--






Márcio Chaves

pequenos comentários

Lendo as crônicas de Machado de Assis percebi um teor tão atual. Li (algumas) muito rápido; praticamente em um dia. Já tinha gostado muito dos contos e agora essas crônicas me fizeram pensar em ler os romances. Já li dois: Dom Casmurro e Memórias Póstumas de Brás Cubas.


Vou ler mesmo. Só terminar um outro livro agora, sobre fotografia (teórico)...tem muito a ver com o curso que estou fazendo sobre os Pensadores da Fotografia.


Ontem (quinta) ia ver um filme, até combinei com alguns amigos de irmos juntos. Trabalhei na parte da tarde e quando era umas 4 da tarde bateu a preguiça. Acho que também, um pouco, por causa do frio. Mas isso nem importa, fui pra casa e fiz um sopão com tudo que tinha na geladeira. Ficou ótima.


Hoje (sexta) acordei cedo e vim trabalhar (vou ficar o dia todo)...


Amanhã vou (com a Michele) andar de bicicleta e a tarde vamos no show do Mawaca, no Centro Cultural São Paulo. Será a primeira vez que vejo esse grupo, ouço na rádio USP FM a vocalista, ela tem um programa chamado Planeta Som (acho que é isso, ou algo parecido)...no programa ela apresenta vários ritmos mundiais, o grupo também tem essa característica de pesquisa musical ao redor do planeta. Estou ansioso.


Ah, e no Domingo temos um churrasco nos amigos mineiros...Capricha aí na carne e nas (principalmente) nas cervejas...


Bom final de semana para todos e todas....

OFICINAS CULTURAIS - SP

OFICINAS CULTURAIS - SP

Governo corta cerca de 60% de projetos e demite trabalhadores


Por Carlos Gustavo Yoda


Ler na íntegra na Agência Carta Maior:

http://www.agenciacartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=14086&editoria_id=12

microconto - jonilson

O cara entrou já gritando com o outro.


O outro nem falou nada, ficou só ouvindo os gritos.


Passado uns 5 minutos de xingamento, o cara calou-se.


O outro, que até então não tinha mostrado reação nenhuma, agora caminhava para cima do cara que o havia xingado e sem dizer palavra alguma apenas acertou o nariz do cara com um soco.


Sangrando muito, o cara saiu.


O outro voltou para seu trabalho rotineiro.

Blábláblá

Tantos blá blás, tantos porquês, tantos tantos que agora vou deixar umas considerações:
Blá bláblá, blá blás!!! Blá blá blá, blá blá blá!
Beijus tchau!

FRAGMENTOS DA MEMÓRIA

A infância disfarçada de plenitude.

Simples.

- Vai moleque, sai daqui, deixa eu fazer a comida.
- Vó, me deixa ir na linha de trem.
- Que?, esse menino é doido?!, onde já se viu, brincar na linha de trem. Não!, vai jogar bola, bolinha de gude...anda, vai...
- To indo...

Andar pela linha do trem, sensação de liberdade, ao mesmo tempo desafiando aquele perigo iminente.

Já tinha visto muitas pessoas mortas ali, naquela parte. Sua escola ficava ali perto, tinha que atravessar a linha todos os dias bem cedinho. Às vezes sua Vó o levava, outras ia com algum colega, outras ia sozinho mesmo, mentia prá avó nessas vezes, dizia para ela que ia sempre com um colega; mas o que gostava mesmo era ficar correndo em cima das linhas. Apostava com os amigos quem conseguiria permanecer mais tempo em cima dos trilhos.

Sempre maloqueiro, sempre na rua; não haveria outro lugar mais propicio para se passar uma infância do que aquele lugar cheio de matos. O jogo de futebol era uma das melhores partes, a junção dos moleques era algo inacreditável, todos se uniam em prol desta brincadeira, uns pegavam enxadas, outros iam arrancando o mato do campinho (na verdade um terreno baldio), logo se tinha formado um campo de futebol, as traves eram de madeiras arrancadas de alguma cerca de casa, a bola era uma de plástico mesmo, ou se havia dinheiro (coisa rara), fazia-se uma vaquinha e compravam uma bola de capotão.

- Vó, dá dinheiro pra comprar aquela revista que tá lá na banca.

Que revista?

Uma que fala sobre a vida dos bichos.

Pede pro seu Avô. É ele quem vive te falando essas coisas.

As unhas sujas. Professora sempre pedia pra ver as unhas. Relaxado!

Acordar de manhã já jogando bolinha de gude. Alguns amigos iam chamar logo cedo, nem tomava café direito.

Depois eu como

Vem logo menino, deixa essas bolinhas aí!

Mas Vó, to sem fome...

Depois você vai jogar.
Choro.

Ganhou uma bicicleta. Melhor presente do mundo. Ninguém o via mais, sumiu. Só voltava a noite, todo sujo, às vezes machucado, outras rasgado, sua Avó nem se preocupava mais.

Aquele cheiro de feijão sendo cozido. Sua Avó ali, em pé na cozinha, sempre a mesma hora, sempre ouvindo a mesma rádio AM, tocando Chalana. Sensação mais maravilhosa do mundo.

Não poderia querer mais nada daquela vida, sem ambições capitais, sem preocupações existenciais.
Só acordar, ir pra escola – coisa que fazia meio obrigado - , voltar correndo para andar de bicicleta, jogar bola, rodar pião e outras formas de brincadeiras que a turma inventasse.

Dormia cedo, não via muita tv, de vez em quando um livro, ou trabalho de escola, momento raro: parado.

O Avô o ajudava nesses deveres, tinha mais experiência nessa área, a Avó não tinha estudado, sua ajuda vinha de outras formas.

Loucuras Imaginativas

O ser humano, no decorrer de suas transformações,
sempre buscou novos caminhos para a compreensão da realidade que o cerca e essa busca foi auxiliada pela sua imaginação.

Não se sabe ao certo quando e por que a raça humana começou a usar o cérebro como uma forma mais racional.

Essa maneira imaginativa tornou o caminho menos dolorido para a superação do real, bem como auxiliar em futuras perspectivas para a grande família que viria a ser criada.


Cientificamente, nossas imaginações são formas construídas em experiências de percepção visual guardadas na memória. Essas imagens não são concretas, elas vão se criando de acordo com o nosso pensamento.

Assim uma experiência visual referente a qualquer objeto, não será esse próprio objeto, mas sim um aspecto do que pensamos saber desse objeto.


As imagens não se fazem passivas em nosso cérebro, elas compõem formas como – em alguns casos – nos relacionamos com nossa vida social e cultural e como enxergamos essas diversas ações que nos circundam.


O sentido da imaginação, ao se desgarrar do sentido da realidade, produz invenções, improvisações e estabelece relações entre aquilo que achamos que seria nossa existência e tudo ao nosso ideal de sub-existência.

Essa possibilidade do real como forma imaginativa consiste no potencial de todas as castas (sub) contidas no atilamento existencial.


Partindo do principio da matéria dialética como representação do eu, os seres-humanos tentaram construir e edificar seus salvadores construtores de formas e vidas, esses mesmos salvadores atravessaram o cotidiano recôndito para imprimirem seus aspectos (dos seres que os criaram) na vida social.


Algumas fantasias nos dizem que outros ‘’mundos’’ ultrapassam realidades. Outras vezes a sociedade não percebe quão enfiada está na sua própria tormenta fantasmagórica, isso porque a loucura imaginativa não deixa de ser outra forma de conceber, interpretar e – em alguns casos - até explicar, aquilo que chamamos de realidade.









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quebrante


Quebrante

Um destes quebrantes era mais que plausível para mim naquela hora inimaginável.
Carlos. Meu nome é proferido em tom de voz grave.
Carlos. Novamente chamam por meu nome, só que agora é uma voz mais aguda.
Dói o ouvido de tão aguda que é a voz.
Carlos. Mais uma vez a mesma voz aguda. Então depois de um tempo, respondo: que é.
Nada não, só para ver se você está vivo mesmo.
Estando eu vivo, permaneço imóvel na mesma posição em que me encontro. Olho para cima e vejo uma aranha tecendo sua teia. É muito fina, quase imperceptível, mas o alcance da minha visão me surpreende. Consigo detalhar cada linha da teia.
Fico arrepiado em pensar que aquele animal pode me matar em segundos.
Carlos, novamente a voz pronuncia meu nome. Fico ouvindo. Cuidado com a queda, me diz a voz.
A palavra queda me diz muito. A queda de todos os impérios ao ínfimo detalhe. Falo isso não por um simples retardo da memória e a vaga lembrança alvoroçada por confusões, mas por outro motivo qualquer.
Quero sair daqui, grito para as paredes e elas respondem que se eu sair dali agora nunca mais serei o mesmo. A mente busca algo de conforto.
Detalhes marcantes de uma vida que na mediocridade da instância coletiva se perde; a voz que se cala, a promiscuidade absoluta das relações.
Falsidades humanas.
Não estava incólume de nada. Apenas as palavras brotavam como água em mina. Apenas isso.
O tempero certo para a lembrança imprópria.

impulsos


BH - viagem quase pitoresca - jonilson

Tudo combinado então. Dia 22. Tá bom. Você pega a gente no terminal Cachoerinha. Oi Léo, e aí. Está descarregando o caminhão. Beleza. Sei, umas 11 da noite no terminal. Ótimo.


Leonardo foi me apresentado pelo Alberto; a primeira vez que nos vimos foi no SESC Pompéia, estávamos na exposição e depois vimos a peça Muros, encenado pelo grupo XPTO. Vimos a peça e depois tomamos umas cervas e fumamos um baseado num bar ali perto do SESC mesmo. Estávamos em uma turma de amigos, eu, minha namorada/esposa Michele, Eliana, Elisângela, Renato, o Alberto mais o Léo (que nesse momento já tinha virado Mineiro). Bem, dali fomos até uma danceteria chamada Sarajevo, na Augusta.

A coisa inusitada já iria acontecer, O Mineiro tava com a f-1000 do trampo dele, então resolvemos ir todos ali mesmo. Esse carro era uma caminhãozinho baú, então foram 3 pessoas na frente e o resto atrás.


Naquele momento tudo era diversão. Mesmo as mais saltitantes alavancadas que o baú dava; mesmo não vendo nada ali de trás e imaginando onde estavámos, mesmo assim foi tudo muito loco. Aliás, a diversão vem dos momentos menos arrumados, daqueles momentos que não se espera muito; sem criar muita expectativa. Isso é bom. No Sarajevo melhor ainda. Músicas boas e um clima agradável. Tudo certinho. Além de tudo isso ainda podemos ver e ouvir um citarista. Que legal isso!, foi a primeira vez que vi um músico tocar cítara. E foi muito bom.


Depois disso fiquei um tempo sem ver o Leonardo. Até que organizamos um sarau na casa da Elisângela. Não apareceu muita gente, estávamos, além da Elisângela e o Erique, donos da casa, eu e a Michele, Alberto, o Mineiro e o Patrick, outro camarada que trabalha na mesma firma do Mineiro. Nesse dia, num Sábado chuvoso, ficamos lendo poesia e fumando maconha até umas 4 da madrugada.


Depois fomos nos rever só no dia da viagem mesmo. Chegamos no terminal Cachoerinha depois da meia-noite. O Mineiro estava já nos esperando lá, todo aflito com medo de alguém roubar o carro. Na verdade acho que ele já estava bem chapado e bateu a nóia...mas isso nem vem ao caso.


Michele ligou pro celular dele, não atendia. Depois ligamos pro orelhão de onde havia saído a ligação. Olha lá ele, falei pra Michele. Lá vem ele. Nooosa senhora só, já tava com medo de acontecer alguma coisa nesse lugar, deixei o carro ali...muito escuro. E aí Leonardo, calma cara...olha ces vão dormir lá no alojamento, tem problema não né? Lógico que não. Então, o caminhão que a gente ia quebrou, trabalhei pra caramba hoje, tive que descarregar tudo e colocar nesse carro aqui. A gente vai nesse carro mesmo? É ué, tem outro não...essa coisa veia mesmo, tá lotadim.


Chegamos. Tira as coisas aí. Pode guardar a mochila aqui dentro mesmo. E aí Patrick. Tudo bom cara? Opa e aí mano, beleza? Ces vão dormir aqui, umas 3 horas a gente sai, tá bom? Bele.
Porra Leonardo que merda é essa, só?. Esses foram algumas palavras que ouvimos no decorrer do nosso sono, que ia da meia-noite até umas 2 e pouco...nesse ínterim o Léo não sossegava muito, acendia a luz, etc. colocamos o celular pra despertar as 2 e pouco, mas nem foi preciso e a merda do celular nem despertou mesmo, porque erramos ao colocar a horas, em vez de p.m., pusemos a.m ou foi o contrário, nem sei mais..


Tudo certo, levantamos com o barulho do Léo, parecia que o cara tinha cheirado toda o pó do mundo, tava alucinado, não parava...puta que pariu. Vamos, vamos...Porra Léo, que pressa da porra, era o Patrick tentando acordar e já em pé sem a mínima disposição para isso. Eu e a Michele também já tínhamos levantado, eu muito mais disposto do que ela. Escovamos os dentes e lavamos o rosto. Pronto.


Pelo que alguns companheiros do Mineiro falaram ele não é muito organizado não. Parece que o cara tem um par de roupas no depósito onde eles guardam os doces e que também serve de alojamento para eles, e mesmo assim essas roupas ficam jogadas pelo depósito inteiro. Mas nós tivemos a grande chance de presenciar a desorganização do Mineiro e que visão tivemos. Se alguém contasse talvez não acreditaríamos. Foi assim: estavámos arrumando nossas mochilas na perua. Essa perua ia ser dirigida pelo Patrick, pois como o caminhão havia quebrado, os doces a serem devolvidos para a fábrica de Minas foram redistribuídos na f-1000 e na Kombi. Só que na F-1000 não tinha lugar pra mais nada. Então fomos nós arrumar as coisas na Kombi mesmo. Pois bem, depois que colocamos as mochilas lá, o Leonardo chega com uma escova de dentes na mão e não vendo um lugar mais adequado para ela, a joga dentro da porta malas da Kombi, ali mesmo, sem proteção nem nada. "Ah, essa escova vai aqui mesmo", essa foi mais ou menos a frase dele.


Tudo pronto para a partida. Nos ajeitamos na F-1000. Muita espaçosa por sinal. Logo a Michele dormiu, aliás a viagem quase toda ela foi dormindo. Eu não, confesso que às vezes me dava uma vontade de fechar os olhos e dormir um pouco, mas a conversa com o Leonardo estava muito animada. Não queria perder aquilo e também gosto de observar as paisagens, ficar olhando pela janela enquanto vamos rompendo fronteiras imaginárias. É interessante como vamos sendo modificados a cada instante, cada lugar é um ponto de visão que alcançamos e nesse ponto nossa vida passa, deixamos para trás outras coisas, outros amigos, outros pontos de vista e vamos em direção a algo que julgamos novo. Isso, de certa forma, é uma renovação e além de tudo estamos nos deslocando fisicamente de um lugar pra outro desconhecido; pegar estrada é prazeroso, dirigir não sei, não dirijo, mas parece que há uma onda de prazer ali. Você sente a vida pulsando. A questão nômade te invade, o "primitivo" somos nós. A viagem tem que ser observada pelo viajante, se não, nada feito, e isso fez com que meus olhos permanecessem abertos durante todo o trajeto que fizemos.


Todo o tempo conversávamos. Sobre tudo, desde as promessas do Léo (que depois não se cumpriram – mas nós entendemos os motivos) até questões metafísicas. No outro carro, na Kombi, Patrick vinha solitário, cortando a noite da madrugada que estava findando. Eu olhando para os lados. Michele caindo em cima dos meus ombros. A pista passando por nós. Você dirige Jonilson?, perguntou-me num tom de toma esse volante aí cara. Não, só tirei a carta, comprada por sinal. Dirijo porra nenhuma. Uai só. É fácil demais, quer tentar? Tá louco mano! Não, quando tiver uma pista reta você pega. Meu, ce tá louco Léo, não sei dirigir não cara. E a Michele manja? Idem a mim, porra nenhuma. Nesse momento Patrick, num sinal com o carro, coisa que quem está na estrada reconhece muito facilmente, pede para dar uma parada. E aí coisinha muito sono?, pergunto para Michele. Nossa meu, to morrendo. Léo volta. Que ele queria? Nada não, só acender um baseado, cês querem? Não meu, se não desmaio aqui. Eu também não, deixa pra mais tarde. Agora era a Michele falando. Nós também tínhamos levado nossa cota de maconha para fumar em Minas. Mas naquele instante nenhum de nós três fumamos.


Não creio que eles tenham parado para fumar um baseado, pensei comigo isso e depois esqueci..
Bom, continuamos. A Michele só encostou a cabeça e apagou novamente. Eu e o Léo, continuamos nossa tão diversificada conversa. Dessa vez estávamos falando sobre sua namorada. Ele tava confiante de que iria passar o ano novo viajando com ela pra Bahia. Mas depois, saberíamos que nada disso ocorreria. Léo tinha planejado ficar uma semana com ela, já que tinha acertado ficar duas semanas de folga. Legal né cara? Viajar é bom demais só. Dizia ele com aquele sotaque inegável de mineiro. Viajar é uma coisa fantástica mesmo. Romper caminhos, conhecer lugares e pessoas diferentes. Vislumbrar novas paisagens. Isso me torna um pouco menos intransigente com a vida.


A fome já tava batendo. Acho que já eram umas 4 da manhã. A luz começava a ficar mais clara e um pouco amarela com rosa, uma cor muito bonita mesmo. Os faróis dos carros cortavam as nuances das cores. De vez em quando um trouxa vinha com farol alto. Nossa isso realmente cega né Léo? É foda véi, dirigir é gostoso mas tem que ficar super atento, Léo me respondia num tom de aula. E aí cara, vamos parar onde? Perguntei já com a barriga pedindo algo. Logo ali, é um posto simples, mas barato. Beleza, um café ia bem agora.


Chegamos nesse tal posto simples e barato. Realmente era simples mesmo, mas até aí tudo bem, o importante é ser barato. Descemos. Patrick tava com uma cara péssima. Aliás todos nós estavámos com cara amassada. E aí Patrick? O, e aí? Fui até o banheiro, mijei e lavei o rosto para disfarçar o amassado da pele. Pedi um café com pão de queijo. Léo ia nos mostrando os produtos que ele vendia. Olha isso aqui, eu que entrego aqui. Hum, doces. São bons? Uai, bom demais! Voltamos pro carro.
Bibibibibibibi, a buzina da F-1000 dispara, Leonardo fica louco. Rompemos uma divisão: São Paulo/Minas, é a divisória que deixa o Estado de São Paulo para trás. Já estamos na terra do Léo. Camanducaia para ser mais exato. Que coisa incrível, que alegria exuberante. Patrick também buzina, Léo acena com a mão para ele. Urruuu...toda vez cruzo essa risca me dá emoção!, tamo mais perto de casa. Léo era pura emoção nesse instante. Algo inexplicável. A razão perde sua vez agora. Não tentemos entender nada. E é assim que eu e a Michele, já desperta, ficamos. Apenas olhamos para o rosto do Mineiro e vimos aquela alegria estampada.


Ficamos contente por ele e por nós também. Afinal estávamos compartilhando aquele momento, que é único, como todos na vida.
Depois da parada e do rompimento da suposta divisa entre dois estados, nós nos encontramos novamente dentro da cabine da F-1000. Dessa vez troco de lado com a Michele, vou perto da janela enquanto ela vai no meio. A chuva começa a ficar um pouco mais forte, até então tínhamos pego só uma neblina um pouco forte, tanto para deixar o capô do carro molhado; mas agora estava chovendo. Na estrada, Fernão Dias - uma homenagem ao grande matador que desbravando as estradas chega até Minas em busca de ouro, custe o que custar, isso incluindo muitas vidas de Índios – vou reparando numas árvores que ficam do nosso lado esquerdo, engraçado que essas árvores tem o formato de uma galinha. Não sei que tipo de árvores são.


Léo fala que quando a gente quiser parar para fotografar alguma coisa e só falar. Mas a gente não queria, pelo menos nesse momento; mas de vez em quando fazemos algumas fotos de nós dentro da cabine. Continuo minha conversa com Leonardo. Nossos assuntos não se encerram, apesar de termos nos visto apenas duas vezes, como já disse, uma foi no teatro e a outra no sarau, parecia que nós nos conhecíamos há um bom tempo, tanto que nosso silêncio, raro, não pesava tanto, já era um silêncio daqueles que só os amigos praticam sem entrarem em neuras.


Patrick passa por nós, aproveito e faço uma foto dele dirigindo. – essa vai ficar boa, diz Léo, Patrick do outro lado ri. É, vai mesmo. –
Encosta mais um pouco Patrick, grita Léo. Vamos fazer outra foto, dessa vez é a Michele que clica. Patrick arranca.
Paramos num outro posto. Viajar não é tão fácil assim. Estradas ruins, atenção a todo instante. Vamos ao banheiro. Lavo o rosto. Depois peço café. Léo avista seus doces numa gôndola. Ele começa a discernir sobre os doces, como se estivesse nos vendendo. Rimos da cara dele. – Porra Léo, não precisa vender pra nós não cara. Rimos da situação. Nesse momento deveria ser umas 9 horas.


Voltamos para a estrada. Pelos nossos cálculos, ou no cálculo do Léo, chegaremos em BH perto das 13 horas. Passamos perto de algumas cidades. Não lembro o nome de quase nenhuma. Léo nos fala que em suas entregas de doces viaja por muitas cidades de São Paulo e Minas. Nos convida para irmos com ele nessas entregas. Seria interessante mesmo sair de role por aí, fotografando o que visse, olhando tudo etc.


O bom desse trabalho do Léo e do Patrick, penso eu, é isso, não ter fronteiras, é desgastante dirigir direto. Mas por outro lado você não está preso num só lugar, está sempre em movimento, conhecendo lugares e pessoas, observando atitudes diferenciadas. Isso compensa o cansaço com certeza.


Conhecer esses mineiros foi algo sensacional para mim e para Michele. Nossa intenção de mudar de cidade hoje é concreta e esse desejo faz com que a gente sinta uma certa ansiedade para que se concretize logo. Isso, penso, é normal, a vontade é algo que sentimos, então temos pensamentos sobre essa vontade e isso causa certa ansiedade. Nesse decorrer entre o desejo e a realização desse várias coisa vão rolando, para alguns é uma força mais forte, mas para mim é apenas transição normal, algumas coincidências, como no nosso caso de querer mudar de cidade e conhecer pessoas dessa cidade sem estar precisamente nesse território. Pois bem, sentimos vontades, tentamos transformar essa vontade para que isso nos satisfaça; óbvio que algumas frustrações vão acontecer, depende de qual será nossa expectativa e como isso se configurará e como traçaremos nosso planos para que o pensamento se transforme em ação.


Continuávamos nossa corrida pela estrada esburacada. Já eram umas 11 e pouco e o tempo ia abrindo. Fumamos um baseado para clarear as idéias e relaxar um pouco. Léo não fumou; estava muito agitado. Mas depois ficaríamos sabendo que essa agitação tinha outros motivos. Tudo bem, ele não quis falar naquele momento, isso é normal. Cada pessoa tem um caminho, ou tempo próprio e aceitar isso, assim como a confiança em outra pessoa desconhecida, que aos poucos vamos conhecendo, não se dá num instante. Às vezes demora um pouco. Léo, eu e a Michele, estávamos curtindo aquela viajem e isso foi mais importante para nós. Conversamos muito sobre tudo; nos conhecemos mais, reforçamos nossa amizade.


Tínhamos previsto, segundo cálculos do Léo chegar em BH umas 2 da tarde. Mas um pouco antes já estamos rodando sobre as pistas de Betim, onde a Fiat mantém sua montadora. Essa região já é a grande Belo Horizonte, estavámos perto. Há sempre aquela sensação de chegar em um local novo e dar de cara com pessoas estranhas a nós, gente que nunca vimos. Estava me sentido assim, como seria na casa do Léo? Como eles iam receber a gente?


Finalmente entramos em Belo Horizonte, depois de mais de 7 horas rodando. Estavámos cansando, mas felizes. A viagem tinha sido boa. Nos conhecemos melhor. Pudemos conversar muito.
Paramos num acostamento, pois tínhamos que pegar nossas coisas na perua. Também era hora de nos despedimos, pois o Patrick mora em outro bairro e o caminho era diferente. Apanhamos nossas mochilas, combinamos de nos ver mais a noite, e prosseguimos até a casa dos pais do Leonardo. Dali em diante as coisas se deram de maneira tão boa e tão agradável que até hoje continuamos a nos comunicar com a família do Léo.


De resto a amizade sela tudo.

um tema suposto - jonilson


Puxo um fio da memória e desligo-me da catástrofe. Quando um não é mais que sim e o que diz sim também é automático. Não penso em realmente nada. Absoluto ao zero. Sim, por que não?

Saio à deriva e vôo pelas estradas desertas de um bairro semi-acordado num domingo entardecido pelo sol.


Crio novos caminhos para a compreensão da realidade.
Não estou desgostoso com nada. Sinto o ar da metrópole e deslizo com minha bicicleta pelas ruas centrais.

Subo vias pedalando de leve buscando um tom para uma fotografia. Penso no tema e meu olhos se distribuem nas arquiteturas históricas.
Vias da razão que redirecionam o olhar.
A alma repleta de pensamentos. Desperdício da mesma razão.
Uma música que atenta para a imagética peregrinação do espírito.
Sorrio a mim mesmo como uma criança correndo suja atrás de uma bola numa rua deserta da periferia.

Aleatório ao esmo. Sou algo de rebeldia num misto de paciência imperita e impostora.

A via de acesso para a metáfora é incondicional para uma alma transgressora. Os monstros urbanos que quero revelar nas minhas imagens. Um olhar transposto em uma determinada situação.
Os olhares que me seguem ao ímpeto dum momento qualquer.
Mais esboços da leveza do domingo.

Reitero para mim mesmo o mote do percurso; paro, desenvolvo um recorte imaginário: produzo uma foto.
Sou tão sublime que pairo numa elevação acima e meu corpo não toma conhecimento da lei da gravidade.
Percorrer ruas urbanas pedalando num domingo buscando ângulos inusitados para uma fotografia e acompanhado a vida se mover na existência da mente.

sem escrever - jonilson

Esses dias ando sem vertente para escrever...
pode ser a lua (mudanças??) {hehehe}...tudo são mudanças né?


Até tentei escrever algum conto, mas só ficou nas primeiras linhas.
É sobre um cara que sai de casa e anda sem direção a nenhum lugar, ele apenas quer andar, sem conversar com ninguém, sem dar atenção a nada; simplesmente andar...talvez esse cara seja eu, talvez...


Bom, então eu tenho praticado mais no Corel Photo-Paint, e no Paint, ando mexendo nesses programas e criando umas imagens (elas estão aqui, nesse blog)...mas antes que venhas as críticas, digo, são apenas minhas brincadeiras, nada mais que isso...


Tenho vários amigos e amigas artistas plásticos e fotógrafos, que, acho, acessam esse blog. Por favor, não me achincalhem muito.
Mas as outras pessoas que ventura se aventurarem por esse blog, peço também a gentileza de levarem em consideração que não faço essas coisas seriamente, apenas me divirto, mais nada.

Tento não levar uma vida séria, óbvio que pago as minhas contas, na medida do possível, mas penso que temos que ser mais lúdicos...
A vida não requer nada, ela apenas está aí, nós (humanos) a fazemos chata e muitas vezes triste.
Causamos transtornos e deturpações que não levam a nada. Criamos conflitos e generalizamos tudo. Somos bobões que não aprendemos a brincar, ou quando brincamos somos (quando somos crianças ) somos punidos e podados.


Gosto muito de um poema do Fernando Pessoa (Alberto Caeiro) onde ele diz que ..." Sei ter o pasmo essencial/Que tem uma criança se, ao nascer,/Reparasse que nascera deveras.../Sinto-me nascido a cada momento/Para a eterna novidade do Mundo... "

Penso que a vida também seja isso.

um dia fui ao encontro do nada


Guerdjef

O pensador russo Guerdjef, que no início do século passado já falava em auto-conhecimento e na importância de se saber viver, dizia em sua tese:

"Uma boa vida tem como base o sentido do que queremos para nós em cada momento e daquilo que, realmente, vale como principal".



Assim sendo, ele traçou 20 regras de vida que foram colocadas em destaque. No Instituto Francês de Ansiedade e Stress, em Paris.
Dizem os experts em comportamento que quem já consegue assimilar 10 delas, com certeza, aprendeu a viver com qualidade interna.


Ei-las:

Faça pausas de dez minutos a, no máximo,
cada duas horas de trabalho. Repita essas pausas na vida diária e pense em você, analisando suas atitudes.


Aprenda a dizer NÃO sem se sentir culpado ou achar que magoou.
Querer agradar a todos é um desgaste enorme.


Planeje seu dia, sim, mas deixe sempre um bom espaço para o improviso,
consciente de que nem tudo depende de você.


Concentre-se em apenas uma tarefa de cada vez.
Por mais ágeis que sejam os seus quadros mentais, você se exaure.


Esqueça, de uma vez por todas, que você é imprescindível. No trabalho,
em casa, no grupo habitual. Por mais que isso lhe desagrade, tudo anda sem a sua atuação,
a não ser você mesmo.


Abra mão de ser o responsável pelo prazer de todos.
Não é você a fonte dos desejos, o eterno mestre de cerimônias.


Peça ajuda sempre que necessário, tendo o bom senso de pedir às pessoas certas.


Diferencie problemas reais de problemas imaginários e elimine-os porque são pura perda de tempo e ocupam um espaço mental precioso para coisas mais importantes.


Tente descobrir o prazer de fatos cotidianos como dormir, comer, tomar banho, sem também achar que isso é o máximo a se conseguir na vida.


Evite se envolver na ansiedade e na tensão alheias. Quando estas aflorarem, espere um pouco e depois retome o diálogo, a ação.


Família não é você, está junto de você, compõe o seu mundo, mas não é a sua própria identidade.


Entenda que princípios e convicções fechados podem ser um grande peso, a trave do movimento e da busca.


É preciso ter sempre alguém em que se possa confiar e falar abertamente ao menos num raio de cem quilômetros. Não adianta estar mais longe.


Saiba a hora certa de sair de cena, de retirar-se do palco, de deixar a roda.


Nunca perca o sentido da importância sutil de uma saída discreta.



Não queira saber se falaram mal de você e nem se atormente com esse lixo mental; escute o que falaram de bom, com reserva analítica, sem qualquer convencimento.


Competir no lazer, no trabalho, na vida a dois é ótimo... para quem quer ficar esgotado e perder o melhor.


A rigidez é boa na pedra, não no homem. A ele cabe firmeza, o que é muito diferente.


Uma hora de intenso prazer substitui com folga 3 horas de sono perdido. O prazer recompõe mais que o sono. Logo, não perca uma oportunidade de divertir-se.


Não abandone suas três grandes e inabaláveis amigas: a intuição, a Inocência e a fé.


Entenda de uma vez por todas, definitiva e conclusivamente: você é o que se fizer!

passadas... - jonilson

Nas passadas é que ouço;



o vento é mais um ser.

Penso em inúmeras possibilidades do cotidiano.

Então não saio.

Aquelas passadas não são

o que eu poderia imaginar.

Apenas mais alguma coisa que se mexe.

Aliás tudo se mexe nesse âmbito da inexistência:

minha inexistência ambígua.

Só com o tempo.

O tempo que não existe.

Só com a moradia aleatória.

O que mais penso?

Uma música só.

Em prantos pela surdina.

O vento que sopra é o mesmo

que me engana pelos ouvidos.

Um só auditivo e pensativo.

A mente que viaja pelas

circunferências inexatas

desse caixote que apelidamos de mundo...

um quê de quaisquer quês...

quando a euforia passar vamos ver no que deu...


quando me revejo - jonilson


quando desacordo e me revejo

o mundo está em transubstanciação:

confuso persigo o desmantelamento:

aniquilação
.............................

revolto,
cabreiro,

simulo um sorriso

transtorno
................................
vou em demasia
penso em absurdos

e nas primazias
................................
divago entre aspas
na transição da mente
absorvo a vida
recorrente.
............................
quando estou nestes apuros
termino o dia na manhã:
vulnerável, inconstante...
sedimentado no afã;

........................
vago na razão
e parto a imensidão
busco um conforto
de um chalé
e termino nuns cafés...

mijar

fanzine irracional e emocional