algumas providências

Um fato ocorreu nesses tumultuados dias que eu estive fora. Ainda não sei bem, mas o que me contaram já é o suficiente para que algumas providências sejam tomadas.
Quando era umas 4 da tarde pus-me a incondicionar, de tal forma, o lugarejo que reti as palavras. Soube, por acaso também, que tudo está contra mim.
Posso recorrer, óbvio, mas não tenho alguns argumentos concretizados. Pois bem, penso em saturar a dimensão do ato com mais atos falhos. Sou falho, mas quem não e?
Da distância da imaginação das pessoas, até a frase mais verdadeira há poréns subjetivos demais para que qualquer razão não seja considerada mera aparência.
Não confie na memória, é o que se diz por aí. Foi isso que eu propus a mim mesmo num quase transe. Quero saber de tudo, disse a mim mesmo. Então percorri algumas trilhas imaginárias.
Primeiro soube que tudo que fiz tinha sido um esvazio da minha intolerância. Mas não foi isso que o comandante disse. Eles (ele) me acusou de insanidade e sujeito perigoso à sociedade.
Até aqui, ainda, não fiz alarme. Soterrei meus interesses e decidi por um basta nos desvios. Quem sou eu?, pergunta boba. Mas não consigo responder. Como se fosse sério. Ah- rrá...então querem saber...
Não vou proceder com maniqueísmos, não senhores, arautos do saber...pseudos realizadores, monarcas da intransigência. Sangue há aqui. –
Sim. Só uma letargia para espargir um derrame destes.
Conduzo-me à algum ponto remoto e terminal da cidadela: abrigos, jacintos...esplanadas em declínios sob esferas pujantes.
Verdade é que não consigo discernir realidades e real. Há em tudo a intromissão da ordem e eu, subjugado, percorro esse mundo enfadonho espreitando ao léu.
Não ausentarei essas circunstâncias da realeza; só vinténs não são agradáveis ao senso crítico. Lógico que o senso comum não perdoará tal insanidade. Mas assim, de tal forma insubstituível, adormeço...

Um ato falho

Um ato falho.
Foi isso que me disseram naquela repartição. Eu, porém, não acreditei muito naquilo. Apenas olhei bem nos olhos daquela pessoa. Sem menção alguma de concordância ou discordância retirei-me.
Fui em outra área, talvez ali alguém pudesse contribuir um pouco mais com a minha necessidade.
Uma gigantesca placa com dizeres estranhos simplesmente caiu sobre a cabeça de uma mulher, esmagando-a ali mesmo sem pormenores. Um susto e uma correria danada. Alguém grita que a vida é uma paródia. Outra mulher surge com um pano tentando conter o rio de sangue que se formou no corredor. Outra pessoa ali, talvez um funcionário, reage a essa ação, empurrando a mulher.
Não consigo ficar atento à cena. Outras se dão num rápido estalo de tempo. Tudo se faz ali mesmo, como clipes. Dali a pouco o corpo da mulher é retirado, a placa sumiu assim como apareceu. O sangue no chão é limpo. Tudo volta ao normal.
Volto para uma atendente, sei que é uma pois ela está com um crachá, pergunto se ela pode resolver minha necessidade. Sim, ela responde. Ótimo. Digo-lhe então o que desejo. Ela me olha e sorri estranhamente; não me responde mais nada e retira-se. Fico ali olhando-a se esvair pelas mesas e cadeiras que formam a repartição.
Penso em ir ao banheiro. Pergunto ao senhor que está, imóvel, sentando numa cadeira. Ele me indica o local apenas levantando umas das sobrancelhas. Sua fisionomia é algo assustador. Ainda fico ali reparando suas olheiras, bem acentuadas. Me pareceu que aquele senhor estava morto mas, pelo seu gesto de sobrancelhas, ainda lhe restava algum ritmo existencial.
Havia uma fila para entrar no banheiro. Um homem parado na entrada controlava o acesso das pessoas ao local. Uma senha era distribuída de acordo com a necessidade.
Fiquei ali por um período longo. Haviam várias pessoas que chegaram à fila sem nenhuma necessidade, mas com o decorrer do tempo que ali passavam elas iam adquirindo a necessidade. Outras pensavam ter uma necessidade, mas depois percebiam que a necessidade era outra, mas como tinham pego a senha para a primeira, tinham que trocar com outras pessoas e assim sucessivamente.
Atravesso a porta estreita e alongada, uma imensidão logo surge, luzes claras alaranjadas e esverdeadas; pensei estar em outra extremidade mas descobri outras salas que se ligavam através de portas. De vez em quando as luzes escorriam pelas frestas e atravessavam a porta criando um perfil bonito nas paredes, fiquei um tempo ali, admirando e admirado com aquela dança.
A sala onde estou agora tem um tom de cinza nas paredes, está vazia, parece que, repentinamente, todos evaporaram. Não me mexo, olho em volta, nada. As paredes da sala começam a mudar de cor, de cinza passam para tonalidades fumes e depois coloridas, mas tudo muito degrade.
Ainda tento sair, mas é aí que vejo a entrada por onde, tempo antes, eu tinha passado. É a mesma repartição...
Escrevo como um arrabalde
Sem permanências
Sem carências...
A busca de si mesmo
Ensimesmado
Um ato brando
Escrever é catar pequenas farpas
Arrastar a mente até a demonstração da peripécia
Árduo também
Contigentes de um simples aludir
Meu escrever é um fiasco de memória
Arroto o solene predicado
Transfiguro o elemento da precaução
E disponho a vida num solene ato incabível
Que é mais falho do que eu
Tampouco me reticularei até o penitente
Tempo da razão:
É ilustrar com palavras...
Transpor meticulosamente
Meu escrever é qualquer coisa de desigual
Qualquer paragem
Qualquer gesto da retina
Imaginação ficcional.

TEATRO

Esses dias fui ver uma peça no Tendal da Lapa. “Urdindo Manuel, Tecendo Bandeira”. Brincadeiras com poemas de Manuel Bandeira através da sonoridade tipicamente mitológica do norte e nordeste. Uma grande saudação e homenagem ao poeta.

Confesso que nunca tinha ido até o Tendal. Só ouvirá falar. E é engraçado isso, pois, assim como eu, há muitas outras pessoas que também só ouviram falar desse espaço cultural no centro da Lapa.

Porém, nesse domingo que estive lá, fiquei sabendo que o governo do estado tem intenções de fechar o espaço cultural e transformar o local num poupa tempo. Como diz o dito popular “de boas intenções...”

Espaços culturais em São Paulo, principalmente em bairros, são escassos. Todos sabemos que os chamados “poupa tempo” são, também, imprescindíveis à população, assim como áreas de lazer, parques, saúde, educação etc...mas também sabemos que somos peritos em não conservar nada, construindo coisas em cima de outras coisas, vide a história paulistana.

Um espaço cultural como o Tendal é de suma importância para o agrupamento e a troca de idéias entre pessoas, principalmente e em especial as moradoras de uma cidade caótica e ali, num espaço amplo, pode-se muito bem difundir e trabalhar a cidadania, cultura, ecologia e outras manifestações tão cara a nós, moradores, que, quase sempre, procuramos um divertimento que pode ir além do simples entretenimento.

Será muito importante se todos nós reagirmos contra a transformação do Tendal em poupatempo; também precisamos cobrar dos nossos supostos governantes uma ação em prol do Tendal mas não isso, há também outras áreas que possivelmente são afetadas com o descaso do poder público. E todos sabemos o quão isso é gigantesco.

A falta de compromisso do Estado com qualquer área que privilegie a comunidade já é fato recorrente e até, infelizmente, por nós aceita como algo normal.
Temos exemplos de ações muito bem sucedidas que transformaram o conviver, dando suporte à interações da comunidade com algo que realmente acresce.

A peça é umas das inúmeras atividades que podem ocorrer no local. Vi também uma feira de troca de figurinhas acontecendo nesse mesmo dia.
Para quem não conhece o local e deseja ir, recomendo sem a menor sombra de dúvidas; e também para quem gosta de uma boa peça de teatro aproveite e vá ver “Urdindo Manuel, Tecendo Bandeira”. A peça fica no Tendal até Domingo, 1º. De Julho, às 17 horas. Sábado também, e é de graça, contrariando o senso comum que tudo que é bom é caro.


O Tendal da Lapa fica na rua Constança, 72 no bairro da Lapa, perto da estação de trem, das duas estações.
O telefone é 3862-1837.

A VIDA DOS OUTROS

Toda vez era assim. Não sentia muito a perturbação dos outros, apenas não admirava nada.
Iconoclasta para alguns, arrogante e pedante para outros. Mas sua vida continuava, com ou sem a participação alheia.
Lógico que tinha plena consciência do viver em sociedade. Procurava respeitar as diferenças, na medida do possível, óbvio.
Certo dia, ao discutir com sua namorada, percebeu que era cheio de falhas, um ser-humano comum. Isso o arrasou, deixou-o perplexo, até então não conseguia perceber muita coisa.
Tinha consciência de suas falhas, sabia que não era nem um ser exemplar. Mas as palavras daquela garota tinham lhe causado tanta dor. Chorou muito. Ficou num estado de choque por um certo tempo, apenas avaliando tudo que lhe foi dito.
Mas como tudo passa – aqui a fugacidade da vida dando um show – logo estava revivido.
Depois de um certo tempo, numa dessas avaliações ele percebeu que tinha outras diferenças com essa garota e isso era bom para o relacionamento deles.
A vida continuava. Sua vida continuava.
Percebeu que os outros eram pessoas vazias, por isso não se aproximava muito delas. Também fez e cultivou belas e sinceras amizades com pessoas que ele considerava que eram apropriadas. Isso não o revoltava, apenas era seletivo nas suas trocas com outros seres.
Desprezo pelo fútil - tudo que ele achava que fosse fútil.
Desprezo pela humanidade com suas intolerâncias afrontando as questões mais ambíguas. Ele também intolerante com as diferenças. Isso é troca, é a chave. De certa forma não conseguia se ver no outro. O respeito necessário para a compreensão das mais sutis diferenças. Paranóia? Nem tanto.
Tudo bem.
Sua vida prosseguia, suas atividades lhe rendiam prazer, dinheiro não, prazer, esse item necessário para continuar nessa vida, que, de vez em quando, nem vale a pena.

providências

Um fato ocorreu nesses tumultuados dias que eu estive fora. Ainda não sei bem, mas o que me contaram já é o suficiente para que algumas providências sejam tomadas.
Quando era umas 4 da tarde pus-me a incondicionar, de tal forma, o lugarejo que reti as palavras. Soube, por acaso também, que tudo está contra mim.
Posso recorrer, óbvio, mas não tenho alguns argumentos concretizados. Pois bem, penso em saturar a dimensão do ato com mais atos falhos. Sou falho, mas quem não e?
Da distância da imaginação das pessoas, até a frase mais verdadeira há poréns subjetivos demais para que qualquer razão não seja considerada mera aparência.
Não confie na memória, é o que se diz por aí. Foi isso que eu propus a mim mesmo num quase transe. Quero saber de tudo, disse a mim mesmo. Então percorri algumas trilhas imaginárias.
Primeiro soube que tudo que fiz tinha sido um esvazio da minha intolerância. Mas não foi isso que o comandante disse. Eles (ele) me acusou de insanidade e sujeito perigoso à sociedade.
Até aqui, ainda, não fiz alarme. Soterrei meus interesses e decidi por um basta nos desvios. Quem sou eu?, pergunta boba. Mas não consigo responder. Como se fosse sério. Ah- rrá...então querem saber...
Não vou proceder com maniqueísmos, não senhores, arautos do saber...pseudos realizadores, monarcas da intransigência. Sangue há aqui. –
Sim. Só uma letargia para espargir um derrame destes.
Conduzo-me à algum ponto remoto e terminal da cidadela: abrigos, jacintos...esplanadas em declínios sob esferas pujantes.
Verdade é que não consigo discernir realidades e real. Há em tudo a intromissão da ordem e eu, subjugado, percorro esse mundo enfadonho espreitando ao léu.
Não ausentarei essas circunstâncias da realeza; só vinténs não são agradáveis ao senso crítico. Lógico que o senso comum não perdoará tal insanidade. Mas assim, de tal forma insubstituível, adormeço...

DIA HISTÓRICO PARA A HUMANIDADE

Por Marcelo Salles - salles@fazendomedia.com

www.fazendomedia.com

Com a RCTV, cai também boa parte da credibilidade das corporações da mídia em todo o mundo. Seja a CNN, que falsificou imagens de protestos; sejam as agências de notícias ligadas a Washington ou as emissoras privadas da América Latina, que apoiaram o golpe na Venezuela em 2002. No Brasil, o ímpeto contra Hugo Chávez já coleciona distorções, meias verdades e mentiras inteiras.

Por exemplo, a primeira página da Folha de S. Paulo desta quarta-feira (30) registra que a concessão da RCTV foi "cassada" por Hugo Chávez. Não é verdade. A concessão terminou e não foi renovada; ela não foi cassada. A TV Globo, por sua vez, em praticamente todos os seus telejornais dá a entender que o governo venezuelano fechou a emissora arbitrariamente, comprometendo a liberdade de imprensa e a democracia.

Os demais veículos corporativos seguem pelo mesmo caminho. Com alguma dificuldade, assumem que houve um golpe de Estado contra Chávez, em abril de 2002. Mas, do jeito que noticiam, fica parecendo que o golpe surgiu por geração espontânea. Não apontam responsáveis, embora os conheçam. Não revelam a participação da CIA, embora existam provas fartas. Não oferecem, sequer, a versão do outro lado, conforme ensinam seus próprios manuais de redação.

Naquela sexta-feira, 11 de abril de 2002, Arnaldo Jabor comemorou o golpe contra Chávez atirando bananas para o alto, em seu comentário para o Jornal Nacional. A revista Veja também ficou satisfeita: "cai o presidente falastrão", disse sua edição daquele final de semana.

Mas o que está por trás da atual campanha contra Hugo Chávez não é nem o presidente venezuelano em si. É também, mas vai além dele. Atravessa-o. O que está em jogo é o controle de um bem público que confere um poder nunca antes sonhado pelas elites. Hoje, na Era da Informação, o poder de produzir e transmitir imagens e palavras é a premissa básica para se alcançar todas as riquezas imagináveis.

Aquilo que os exploradores de hoje perceberam há pelo menos cinqüenta anos, só recentemente os movimentos sociais começaram a entender. O ponto chave é: quem controla a subjetividade, controla a hegemonia. Os meios de comunicação de massa constituem a instituição com maior poder de produzir subjetividades. Através de suas mensagens, determinam formas de pensar, agir, sentir e viver de toda uma comunidade, região ou país.

É por isso que as corporações da mídia, a serviço da exploração dos povos, articulam uma campanha sem precedentes contra Hugo Chávez. Porque ao não renovar a concessão de uma dessas corporações e, além disso, conceder seu controle a grupos populares, Chávez atinge substancialmente a fonte de poder daquelas corporações. Por isso o dia da não renovação da concessão da RCTV, 27 de maio de 2007, será lembrado como um grande avanço na história da humanidade.

A TV Globo, que apoiou a ditadura que seqüestrou, torturou e assassinou milhares de brasileiros - repito, milhares de brasileiros - agora acusa Hugo Chávez de violar a liberdade de imprensa. A Folha de S. Paulo, que emprestou automóveis para órgão da repressão, agora acusa Chávez de agredir a democracia. Estão desesperados. Porque o governo venezuelano abriu um precedente perigosíssimo para as classes exploradoras, mas belíssimo para todos que acreditam numa humanidade mais humana.

Neste mês de maio, vencem dezenas de outorgas de rádio e televisão no Brasil. São cinco da Globo, duas da Bandeirantes e uma da Record, sem contar as emissoras afiliadas. O levantamento foi feito pelo Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação e pode ser lido aqui.

Em junho do ano passado, em plena Copa do Mundo, o presidente Lula assinou um decreto ilegal entregando novas concessões públicas de televisão digital para as mesmas empresas que já transmitem em sinal analógico. Se os movimentos sociais não quiserem continuar sendo massacrados pelas corporações de mídia, a hora de agir é agora. É preciso compreender a importância histórica desse momento e ir para as ruas. Movimento Negro, MST, MTST, Marcha das Mulheres, Estudantes acampados na USP e em outras universidades, professores, sindicatos, todos, sem exceção, precisam ir para as ruas e, mais que pressionar, precisam obrigar nossos representantes a não renovarem essas concessões e a anularem o decreto da televisão digital.

O que está acontecendo na Venezuela não é um ato isolado. São as conseqüências da falência das políticas neoliberais, que concentram as riquezas em poucas mãos e distribuem a miséria para a maioria. É possível reverter esse quadro, como o governo venezuelano está mostrando. Até porque o fracasso desse modelo derruba também a credibilidade de seus interlocutores, ou seja, das corporações da mídia. E um dos momentos mais lindos da história humana é quando os oprimidos deixam de acreditar nas palavras dos exploradores e se levantam, sem medo, dispostos a enfrentá-los.

...

Parece que agora nosso vídeo-documentário sai.
É que estávamos com problemas na edição.
Mas falando com um amigo, que por sinal não falava com ele há um tempão, e esses dias ele me ligou - essas coincidências da vida (chamem do que quiserem) fiquei sabendo que ele edita.
Na verdade eu já desconfiava disso só que não lembrava, sei lá o motivo, acho que por estar muito preocupado com outras coisitas.
Pois bem, já deixei as fitas com ele e agora e só roteirizar e editar. Ufa! Alegria é pouco.
É uma ansiedade a menos. Estou muito ansioso com esse vídeo, quero mandar para alguns festivais e também distribuir pros amigos (esses é que pagam o pato) hehehe...
Agora falta a exposição na casa de Cultura de Santo Amaro, espero que o mês que vem já possamos ter alguma coisa em mãos...tomara.
Não ter verbas para realizar esses trabalhos é cruel, mas ao mesmo tempo também é divertido (não sou masoquista não).
É que são tantas idéias que não tem como deixar de realiza-las só por falta de grana.
Vamos fazendo uma coisa aqui, outra ali e assim prosseguindo com tudo, sem parar...

reverberações

Não tenho definições para a imagem que se forma na mente.
Reverberações de qualquer sentido insólito. Deturpações do acontecido ainda perduram. São tantos poréns...

Amanhecido o fato é outro que não me contradigo nessas suntuosas linhas. Meus pensamentos são tantos...rio da imaginação alucinada. É assim, depois transborda tudo. Olho as nuvens e o céu é outro a cada olhar. Transbordo qualquer ato num patamar infinito do acaso. Prossigo.

Viajo num encontro possível. Tenho minhas alucinações. Ítalo Calvino de presente é mais que uma simples literatura, é o ato de melhora da imaginação transgressora.
São esses poréns que me dizem qualquer palavra. São esses ínterins que tudo transborda. Ao lado de amigos somos mais. Crianças sem desejos. Brincadeiras de final de semana.

As manifestações saem de tudo e ao mesmo tempo é embriagadora. Nos transformamos em elementos naturais envoltos de auras. Cores de Matisse.

Uma música aguda que penetra todos os poros do corpo e só faz bem. Te eleva. Inquebrável e acalentadora. Não há definições possíveis. Uma busca. O que seria tudo?

Não posso requerer manifestações egoístas. Posso me deixar zanzar pelo mundo afora, um mundo transgressor, imagético e real; possibilitado por simplicidade absoluta.
Do alto do pensamento ouço tudo. Vejo tudo. Retículas se criam num pasmo. Deidades do absoluto efêmero; tudo é isso. Realidades construídas e constituídas que se espedaçam sem dúvidas.

Seguindo nada não sou outro além daquilo que em mim se multiplica e me transforma a cada dia. Caber em si mesmo não condiz com a magnitude do viver; criar é resplandecer à pequenez. Ser tudo e conter tudo.

Comunidade quilombola acusa Globo de manipulação e exige direito de resposta


Foto:
André Cypriano (Exposição: “Quilombolas - Tradições e Cultura da Resistência”)

Comunidade quilombola acusa Globo de manipulação, exige
espaço para falar e quer que o Incra e a Fundação Palmares
também se pronunciem


Nota Pública :
As falsidades veiculadas pelo Jornal Nacional da Rede Globo de Televisão no dia 14 de maio deste ano “Crime no quilombo - suspeitas de fraude e extração de madeira de Mata Atlântica” repetem na história o que significou o 14 de maio de 1888 para a população negra no Brasil, dia seguinte à abolição oficial da escravatura. O dia 14 daquela época significou o acirramento das relações escravistas, da violência racial contra negras e negros, e a tentativa de exterminá-la através de inúmeras medidas de exclusão e apartheid, dando continuidade ao processo de exclusão social e criminalização da população negra.

Passados cem anos continuamos a assistir às práticas racistas, novamente a covardia daqueles que atacam as comunidades negras utilizando as estruturas poderosas de dominação se manifesta através da veiculação de uma reportagem fraudulenta e tendenciosa, sem oferecer a comunidade nenhuma oportunidade para se defender. Nossa comunidade assistiu a reportagem exibida no Jornal Nacional da Rede Globo com profunda indignação diante da atitude racista expressa na má fé e na falta de ética de um meio de comunicação poderoso que está submetido a interesses perversos e tenta esmagar uma comunidade negra historicamente excluída.
Já esperávamos por esta reportagem, pois fomos testemunhas do teatro que foi armado por ocasião das filmagens, onde boa parte da comunidade envolvida na luta pela regularização do território quilombola nem sequer foi ouvida, visto que a equipe de reportagem se recusou a registrar qualquer versão contrária aos interesses dos fazendeiros, cortando falas e utilizando de métodos persuasivos, já que demonstrou expressamente o objetivo de manipular e deturpar a realidade, inclusive . Tentamos conversar com os prepostos da TV Bahia, filial da rede Globo, mas fomos ignorados. Logo vimos a vinculação da reportagem com os poderosos locais que tentam explorar nossa comunidade.
Diante deste sentimento de indignação com a reportagem fraudulenta exibida hoje vimos a público divulgar as verdades que Globo não divulga:
Historicamente, nossa comunidade ocupa este território. Os relatos dos mais idosos remetem nossa presença a muitas gerações. Ali sempre praticamos um modo de vida fruto de uma longa tradição deixada por nossos ancestrais. Extraímos da Floresta a Piaçava, o Dendê, a Castanha, e tantos outros produtos. Extraímos tantos tipos de cipós diferentes que usamos para fazer cofos, cestos e tantos outros artesanatos aprendidos com nossos avós. Nós amamos a floresta e a defendemos.
Nossa luta para defender a floresta causa a ira de poderosos interesses que desejam o desmatamento para a grande criação de gado que cresce no recôncavo. Estamos decepcionados com a falta de dignidade do jornalista que expôs seu nome numa reportagem fraudulenta, pois as imagens do desmatamento de madeira apresentado na reportagem não foi filmada em nossa comunidade, sendo que a pessoa flagrada no corte de madeiras não pertence a comunidade de
São Francisco do Paraguaçu, confirmando a manipulação dolosa, visto que as falas foram cortadas e editadas com o objetivo de transmitir uma mensagem mentirosa e caluniosa. Perguntamos aos responsáveis pela matéria: Por que não relataram as vultosas multas não pagas ao IBAMA pelos fazendeiros? Por que não mostraram os mangues cercados que inviabilizam a sobrevivência da comunidade?
Desta maneira, os poderosos que nos oprimem preferem partir para a calúnia, fraude e abuso do poder econômico. Tentam assim, dissimular já que sabem da força da verdade e do nosso direito. O Sr. Ivo, que aparece na reportagem, se diz dono da nossa área é um médico com forte influência política na região, à Frente de seus interesses está o seu Genro, conhecido como Lú Cachoeira, filho de um ex-prefeito e eterno candidato a prefeito. Lu Cachoeira tem um cargo de confiança no Governo do Estado como assessor especial na CAR (Coordenação de Ação Regional) e utiliza sua influência política para perseguir a comunidade. Esta família poderosa tem feito várias investidas contra a comunidade utilizando, inclusive, capangas, pistoleiros, ameaçando a comunidade, violentando crianças, perseguindo idosos, inclusive, utilizando métodos torpes refletidos nas ações violentas de policiais militares não fardados a serviço da família Santana que pode ser comprovado através de relatório da Polícia Federal que já teve diversas vezes na comunidade para nos defender.
Imbuídos do sentimento de justiça não podemos compactuar com atitudes que visam reverter as conquistas democráticas de reconhecimento de direitos da população negra, um verdadeiro afronte aos artigos 215, 216 e o artigo 68 das Disposições Transitórias da Constituição Federal. O povo negro e as comunidades quilombolas cientes de que o caminho de reparação das injustiças raciais é irreversível e que o direito constitucional à propriedade de seus territórios tradicionalmente ocupados é uma conquista da democracia brasileira, não sucumbirá aos interesses poderosos que durante toda história do Brasil promoveu atitudes autoritárias e de desrespeito ao Estado Democrático de Direito.
Lamentamos a covardia daqueles que usam o poder da mídia e do dinheiro para oprimir e perseguir comunidades tradicionais. Já estamos acostumados com esta prática perversa. Nosso povo resistiu até aqui enfrentando o peso da escravidão. FIÉIS A NOSSOS ANCESTRAIS,
CONTINUAREMOS FIRMES, DE PÉ, LUTANDO PELA LIBERDADE!
Pela vergonhosa manipulação dos fatos e depoimentos,QUEREMOS DIREITO DE RESPOSTA E
QUE O INCRA E A FUNDAÇÃO CULTURAL PALMARES SE PRONUNCIEM.
Salvador, 15 de maio de 2007
Comunidade São Francisco do Paraguaçu, Cachoeira, Bahia
(Nota Pública)


Depois de tudo que,



imaginariamente,



vi, pude reter na memória algumas intervenções.



São artes, alguém poderia ter me dito.



Mas não ouvi.



Palavras tolas que ninguém ousou dize-las.



Passado um tempo deslizei meu corpo



por entre as colunas e vi,



depois de tanto tempo,



a luz da imensidão.



Quão não foi minha surpresa ao ver que a coloração



mantinha-se formal.



Depois de anos...



a vida é mesmo engraçada.



Penso agora no tempo da escuridão;



o corpo requer apreços maiores.



Tantas solidões...



Depois de tudo,



repito calado no pensamento:



aleatório.



Poderia até pensar sobre a possibilidade de querer o desejo.



Sabe-lo já é um tempo indistinto.



São as circunstâncias,



minha querida Avó dizia nos tempos mineiros



de vivência no campo.



Também vivi no campo, só que esse foi o da imaginação.



Requeri até o mais avançado distúrbio alusivo da solidão



e desisti.



Já optei sobre tal paranóia nas minhas fotografias.



Já disse isso.



Volto a torna-lo público;



e manter a escrita



sob a égide da discutível subjetividade.



Depois de viver essencialmente...



dizer palavras me soa tão oportuno,



tão salutar.



Embargado na discrepância e rudimentar



quixotesco imoral,



rio da coisas sérias e me contradigo



no esquema mais alusivo.



São imaginários...



São outros aspectos da incompreensão.






Depois de tudo que,


imaginariamente,



vi, pude reter na memória algumas intervenções.



São artes, alguém poderia ter me dito.



Mas não ouvi.



Palavras tolas que ninguém ousou dize-las.



Passado um tempo deslizei meu corpo



por entre as colunas e vi,



depois de tanto tempo,



a luz da imensidão.



Quão não foi minha surpresa ao ver que a coloração



mantinha-se formal.



Depois de anos...



a vida é mesmo engraçada.



Penso agora no tempo da escuridão;



o corpo requer apreços maiores.



Tantas solidões...



Depois de tudo,



repito calado no pensamento:



aleatório.



Poderia até pensar sobre a possibilidade de querer o desejo.



Sabe-lo já é um tempo indistinto.



São as circunstâncias,



minha querida Avó dizia nos tempos mineiros



de vivência no campo.



Também vivi no campo, só que esse foi o da imaginação.



Requeri até o mais avançado distúrbio alusivo da solidão



e desisti.



Já optei sobre tal paranóia nas minhas fotografias.



Já disse isso.



Volto a torna-lo público;



e manter a escrita



sob a égide da discutível subjetividade.



Depois de viver essencialmente...



dizer palavras me soa tão oportuno,



tão salutar.



Embargado na discrepância e rudimentar



quixotesco imoral,



rio da coisas sérias e me contradigo



no esquema mais alusivo.



São imaginários...



São outros aspectos da incompreensão.

auto-retrato

conto - Socorro!

Fila da puta!, você é um fila da puta.





Ela grita, enquanto tenta me agredir com as mãos.




Ah, to cheio disso. Corro pro boteco e me refugio no balcão; aí vem uma e vem várias.



Logo chega pessoas conhecidas e eu já tou cambaleando.





Mais uma?














Não, vou pra casa; talvez os ânimos estejam mais amenos. Assim espero – penso comigo enquanto deixo o recinto.

















Em casa uma aparência de tudo tranqüilo.


















Ela chega: voltou é?



















Nem respondo. Entro no chuveiro e toma uma ducha gelada, dizem que é bom.

















Ela vem e bate na porta.






















Uma, duas, três batidas...






















Não respondo nada.



















Um silêncio...daqui a pouco um chute na porta...e a voz numa gritaria: filadaputa...é um filadaputa mesmo...






















Eu penso comigo se realmente eu sou isso.






















Para as mulheres todos os homens são.





















Termino o banho e saio pelado até o quintal para pegar a toalha. Ela se aproxima.






















Por que você não me responde quando eu falo com você?






















Hum?
























Você me ignora.

























Não ignoro não, apenas estou evitando um confronto corpo a corpo.


























Confronto corpo a corpo! Ela repete.

























Pego a toalha e me enxugo. Ela me olha.






















Tá olhando o que?

























Teu pau.






























Ah é, vem cá então.























Nem se eu quisesse.




















Então tira o olho.





























Entro no quarto e procuro uma roupa.



































Ela vem atrás; não pára de falar. Só ouço.

































Onde você vai?

























Finjo que não ouço.


















































Visto-me e quando vou em direção à porta para sair ela entra na minha frente.
















Ela diz: você quer isso mesmo?




























Isso o quê?



























Pego no seu braço a fim de tirar seu corpo da frente. Péssima idéia. Ela começa a berrar.
















































Não penso muito e saio fora deixando seus gritos dentro da sala.

















Já na rua um pequeno aglomerado de vizinhos me olha como seu eu fosse um ser monstruoso,
desses de filmes B.











Passo por entre esses olhares sem dar a mínima.































Ouço alguns cochichos. Nada além do normal de uma boa vizinhança.




























Estou sem rumo. Na verdade nem queria sair, mas a ocasião...



























Penso em ir para o bar novamente, mas logo descarto a idéia, talvez com medo da embriaguez que seria muito acolhedora nesse momento.


















































































A vida digna de um homem é sempre manchada por essas trivialidades.
























Mas quem sou eu para dar pitecos nessa filosofia que a mim é dúbia?
























Então tomo qualquer rumo e passo a tarde perambulando pela vila.

















































































Depois de um certo tempo tudo volta ao normal. Até as brigas de casais.

calmamente

Calmamente a distribuição das ampolas vai se desenrolando pelas frestas escuras do labirinto mágico do assoalho como se isso fosse um ato lógico racional.

Como um calmante tomado e o efeito logo logo vai se dissipando pelas esterias da membrana que alucina.

Calafriamente!

Percorrer uma horda dessas não é tão puro quanto você possa imaginar. Eu não imagino nada.

Essa é a minha fala digladiando com meu pensamento.

Uma escassez de verbos. Porém um harém de maravilhas das mais lustrativas até as mais reverberantes. Sinônimos de êxtases incondicionais à vida.

O futuro, as ansiedades, a maconha, as cervejas, a televisão, a gordura, a cafeína...

Purismo nosso pensar em não usufruir.

A segmentação da mente é contínua...as paredes do presente são próprios, segmentados, porém próprios.

O ser que, intransigente, negocia a felicidade. Lutar pela antagonia, descortina todo o convívio com a natureza; é tão rudimentar...

Calmamente. Purificar a egocentricidade. Corrigir a desgraça via religiosidade: tormenta da passividade.

A mulher que voa pelas frestas da luz. A vida que teima em resistir à soberba da humanidade.

As desistências que reinam na mediocridade.

O ser é um ato descontínuo da vida. tudo que perde-se me é valorizado num exato tempo.

Tempo que reluto sempre, sempre. A visão é apurada. Retumbante.

Há muito tempo que não busco mais essa pequenez; há muito tempo...

Na vida é assim: um corte brusco torna-se uma cicatriz sugestiva.

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mijar

fanzine irracional e emocional