verde - jonilson montalvão

escrita absurda - jonilson

Descobri, na infância matreira,
com as brincadeiras
a escrita absurda
Infância de tempos presentes
Infância que carrego e descrevo
Em liberdade do momento
Causo-me infância como
Uma alegria que não se busca
Mas a tem,
Da minha vida absurda
Brinquei com palavras e criei
O que para outros nada era
E que para mim
Eram tudo
Assim como tem o tempo
A ode de tudo
Primitivamente em tempos contemporâneos
Circunstâncias que não se ocultam
Da vida, em aberto
Causa absurda da descrita, intolerante
Pois sim
Atropelo das palavras
Sim, também
E além das palavras
Pois tudo está pertencido
Ao todo, ao louco, aos berros
Contro-versos...

momento vivido - jonilson

Em qualquer momento vivido temos um próprio momento.
Foi isso o que ele me disse. Tudo bem, retruquei à ele, mas acho que ele nem me ouviu.
Sorri e disse adeus. Um adeus breve, pois era isso o q tinham me recomendado.
Eu aceito quando me pagam bem, e esse era um desses casos.
Casos?, sim chamaremos, ou melhor, chamarei assim essa probabilidade de retaliação da vida.
Rio da miséria mesquinha dessa vida, minha vida se fez e eu nem senti.
Árduo, só a pirraça esvoaçada da cortina que se forma em meus olhos. Lágrimas?, nem pensar.
Meu cigarro se esmiúça de cinzas e ando entre as próprias desgraças em formato de tudo, são tudo.
Pois bem, estou a par de tudo o que tramam pelas minhas costas e se algum de vocês acham que isso me assusta se enganam muito.

passagem pela rua pontilhada - jonilson montalvão

periferia ordinária - jonilson

Esses atos
que não entendo
Essas desigualdades...
Brusco e irregular.
Da periferia ordinária
À margem como querendo estar
Uma recompensa da placidez
Da inexatidão
Da periferia estilizada...
Caminho por uma viela escura
As nuvens encobertas ofuscam
O cinismo do cinza
Degradados
Degradação
Caminho por avenidas transformadas
Pela nostalgia do tempo
Que é não é...

FORUM FILOSÓFICO no Jd. Pantanal

Fórum debate.
As coisas presenciadas, as não olhadas, as vistas, são todas parecidas. As coisas são olhadas e vistas para serem analisadas. Sendo analisadas tendem a serem discutidas.
Esse é o foco de todas as pautas. Da comum ao absurdo são os fatores que elevarão o enriquecimento do nosso conhecimento o foco desse fórum filosófico.

FORUM DEBATE DIA 29 DE JANEIRO DAS 13 às 17

PAUTA BERTA – O ENSAIO DE CADA UM .
PRIMEIRO MOMENTO-ABERTURA PARA NOTIFICAÇÕES E INFORMES.

SEGUNDO MOMENTO – O ENSAIO DE CADA UM.
TERCEIRO MOMENTO-DEBATES SOBRE OS TEMAS ABORDADOS.
QUARTO MOMENTO- PROXIMA PAUTA.

LOCAL SATYROS III PANTANAL
RUA VISTOSA MADRE DE DEUS 40 B
TEL:
8400-0041 BREGUESSO
9793-8295 OTAVIO

IMPROVÁVEL - jonilson montalvão

Passei, entre tudo, o que era naquele instante, um amontoado de qualquer coisa. Mas não, não assim...improvável. Havia naquilo tudo minha mente que desatina ao enredo do acaso. Dentro da órbita das palavras que se escamoteavam com um feixe de luz; a luz solar era então, pensei, pensei...as respostas insatisfatórias, desorganizadas...a viagem da utopia se regozijando com sintomas passados e mesmo assim continuava perdido sobre qualquer ridícula situação.
Soou o alarme, ansioso suo pelas mãos e resto do corpo, ansiedade dominante. A hora “H”, ou qualquer outro nome para o momento: a hora chegada, esperada...tenho alguns segundos para a ação, a mente turbilhada, repleta, penso numa pintura que vi num museu: “A queda d’água”, não me lembro bem o nome do pintor, Gorky talvez, mas a pintura é cintilante na minha memória: em formato abstrato uma cachoeira rompe o verde da mata e atravessa os encalhes das pedras. É nessa pintura que penso, não sei porque motivo, apenas a vejo enquanto ajo, rápido; os sintomas de ansiedades desaparecem, ajo tão extraordinariamente e tão sensivelmente, sem rastros, sem emoções do momento, sem perturbações menores.
O que era de se esperar foi feito. Sem remorsos ou qualquer tipo de mágoas. Apenas o caso sendo resolvido como foi o trato, apenas isso.
Devolvido ao estado normal da vida, os resquícios deixados lá, em outras metáforas. Prossigo pensando no quadro, apenas me distraio quando peço um café num bar. Meu estado normal está prestes a se modificar ao sabor da cafeína sensata. Alguns dias atrás estava aqui perto, mas quem poderia imaginar essas coincidências; primeiro sinto o aroma que exala da xícara, depois provo um pouco, adoço e tomo o restante em delicadas doses, sem pressa, sem resquícios.

coisas - jonilson

Desde que acordei naquela madrugada suado e esbravejando contra os pernilongos ainda rememoro os atos; a memória é esse caso sério mesmo e contra isso eu nada posso. Tampouco agrada-me essa idéia de lutar contra algo, por mais metafísico que isso seja...minhas imaginações – o ato de criar imagens – não me atormentam, apenas seguem-me como uma companheira de boa índole e sem nenhum prejuízo a causar-me.
Datas e dedicatórias, me lembro de Quintana e de Manoel de Barros e persigo, como não querendo, apenas em sugestões, algo; mas, também, como já disse, nada me atormenta, nem deveria mesmo, pois o que é o algo?,
criar e desfazer são um mesmo ato e depois de ter lido algumas literaturas e de me desmentir a quase todo instante, depois de tudo isso tento pasmar-me de aflição e quase consigo, quase que consigo e ainda penso num jeito de me deixar afluir por aí enquanto tudo esbanja seus desejos paranóicos. Vivo simplesmente e nada, agora, me realça tanto assim...em sã autonomia de minha própria vida, em consciência com o simples.
Levanto quase dormindo depois de tudo e penso e ajo tomando um copo de água fria e caminho até a janela da sala, olho lá pra fora e vejo a luminosidade reinante, desnatural e apocalíptica entrelaça toda a cidade; ela brilha, ela brilha...como brilha essa cidade. Os prédios de vida própria com suas próprias radiações, seus luzeiros que não piscam. Da minha janela dá pra ver tudo isso. Não identifico um ser humano ali naquele meio fantástico de cores e vibrações; as luzes piscam conforme eu as olho; fico ainda um tempo ali parado consternado diante da impotente cidade daquela hora, a hora que diz em sinais e relampejos disformes.
Os prédios monstruosos arrebentando com a visão descontínua; janelas dos apartamentos acesas, imagino as pessoas circulando dentro dos apartamentos, uma luz ao lado revela que alguém se levantou, outra que se acende e apaga, como um vaga-lume gigante e ainda outra e mais outra; os sonâmbulos da madrugada adentram a perspectiva.
Limitado, eis-me, olhando por entre esse vínculo...eis-me pasmado. Daqui todos e tudo são as próprias metáforas da vida, são as próprias condições que, enquadradas, alucinam e criam as cataratas reluzentes. Mas acima de mim, também, se cria ilusões e não há um pormenor sequer como que querendo dizer sim e ao mesmo tempo negando as imagens. Todos, tudo...mas nessa madrugada descontínua e repleta de coriscos, faíscas, alusões aos sentidos pueris sou, também, uma luz e brilho aqui, nesse espaço manufaturado e incoercível; a cidade brilha, ofusca as visões noturnas e acima daqui, ali, logo ali.

mucunã - jonilson

mijar

fanzine irracional e emocional