SOSLAIO

Divagar: constante aparato de uma celebração do que poderia ser a vida; dita e redita a contemporaneidade que nos massacra e amarga esse viver. Um rescaldo...ah!, um pio nevrálgico da alma.
Sorrateiro espreito à luz noturna e quando menos penso um soslaio me arremete e tomba como se fosse um animal no seu arrastado languiar existencial. Não tenho essa chance e me desfaço das inconveniências; estou há um tempo nessa espreita, estou tentando, digo para mim mesmo a fim de um auto-convencimento.
Uma legra de ocasião perfurou-me a mente e a decisão que era esperada sucumbiu pelas frestas errôneas. Este prenúncio agita a minha decisão e por isso mesmo tenho mais um tempo de disparate entre um ato e um fato. Sou de ocasião; rio dessa manifestação. Horror e fator são projéteis que carrego há muito; a calamidade que todos carregam é se perceberem abstraídos da história e com isso terem de buscar caminhos divergentes daqueles traçados à revelia de suas imortalidades.
Mas estou aqui num mundo dotado de procedências escusas e dissuasivas e, talvez, por isso mesmo também proponho novos meios à própria razão da existência mesquinha. Digo-lhes que sim e basta um sorriso desvalido para esgarçar a desgraça que acompanha tais sedentos.
Tomo um café no meio da noite e cumprimento balançando a cabeça vagamente alguns passantes como se isso me desse um tempo qualquer; na verdade tenho esse tempo, mas só quero, no momento, uma chance de me fazer presente ali, naquele lugarejo tifo.
Enquanto engulo o liquido asqueroso que me serviram como café, repenso o ato. Sem querer quase levanto e parto para a ação. Mas não, não agora, haverá outra oportunidade, penso; sim haverá. Preciso dessa paciência monástica, preciso dessa inércia momentânea, preciso disso tudo...peço uma coca e misturo ao café.
Ação!
Meu corpo mantém-se atento. Requerer a ação pode ser fatal em um tempo. A noite está lá fora cuidando dos noctívagos. Ruídos desaceleram a atmosfera quente. O calor de fora, da noite, cai para dentro do bar. Risos causados pelo impacto dos bêbados.
Mantenho-me ali, sentado, tentando saborear aquela mistura. Saborear é uma palavra desmedida para essa hora; tento me recobrar partindo de qualquer noção instantânea; tento repor alguns fios da memória num conjunto linear. O efeito da cafeína ajuda nessas horas.
Em cada momento há uma metástese na minha cabeça; a mente não se situa em um ponto fixo. Repensar as tragédias arbitrárias que me dizem muito não me faz bem, mas mesmo assim não consigo me desprender dos pensamentos. Ainda assim tenho convicção no ato, neste ato em si. Preciso dessa convicção para tolerar fatores externos.
Minha bebida acaba, peço outro café, dessa vez com leite. Tempo. Tempo, preciso desse tempo. Cada segundo me é deliberativo, cada segundo me significa. Tomar uma posição requer cuidados, requer uma certificação do momento; requer um ato brando ao mesmo tempo do ato mais fulminante. Tenho essas precedências comigo, tenho essas subjetividades.
Depois de tudo deixo o bar e me dirijo à ruela semi-escura. É cedo, manhãzinha morna. Pessoas saem para o trabalho, ou em busca dele; é cedo. Não carrego nada; não tenho nada a carregar, apenas essas lembranças melancólicas e lembranças alegres de dias felizes; ambas são realçadas por questionamentos que me faço e que, sem respostas, tolhem meu raciocínio deixando-me, desiludido, à mercê do destino.
As primeiras luzes raiam, deixando a paisagem mais visível. Quanto tempo? quanto de mim deixei aqui? não reconheço mais essa paisagem; mudanças profundas de vidas intensas, vidas perdidas numa atmosfera desguarnecida. Aqui, nesse lugarejo, há pedaços de mim espalhados aos cantos. Ruminações da infância; eu, passado crivado, reviro detalhes de menino arruaceiro que fui e me permeio de belezas, doçuras mitológicas brincadas à esmo.
Chegar ao universo rompido, deixado; chegar e dizer olá. Quem me verá da forma que saí? quem deduzirá da minha presença algo de excepcional paradoxo? Em instantes todos me notam, sou alienígena aparado na convenção da desmemória; busco um abraço que não vem, quero um afago insonte.
Querer demasiado egoísta. Sim, reconheço gestos e palavras mas...quem tirará esses proveitos? Depois de anos, séculos talvez...tenho pares aqui; são meus infortúnios; genuínos gametas amordaçados pelo espectral critério de roldão de um ato que não pode ser insubstituível.
Ninguém daqui terá esse tempo criterioso; serei incompreendido por toda a geração que me acompanhava nas subidas dos morros, nas jogadas de domingo a tarde, nas linhas de pipas furtadas às avós...
...observo-os assim como eles a mim. Tão indistintos ao outro, formalidades cadentes de seres que porventura seriam chamados de amigos. Casualidades subjacentes me rodeiam até a tontura se tornar tão sublime que enleva essa miséria disfarçada. Arroubos de infâmias; ironias nos olhares. Cumprimentos repugnantes. Puxo a memória em forma de escudo e disfarço a nitidez de meus olhos lacrimosos. No prenúncio da morte a vida se desfez há tempos. Somos todos restos de sonhos; todos restos da infância que um dia se fez...
Em Agosto acontecerá a 1ª Mostra de Artes Cênicas Opereta, realizada pelo Núcleo
Teatral Opereta e a Associação Cultural Opereta.
A Mostra acontecerá entre os dias 4 e 26 de agosto e contará com várias
apresentações de teatro infantil e adulto, circo, cultura popular, dança e teatro de
bonecos.
Sempre aos sábados as 16:00 e as 20:00 e aos domingos as 16:00 e 19:00.

O Evento acontece na sede da Associação Cultural Opereta
Rua 1º de Maio 55, Calmon Viana , Poá.

Confira a programação aqui: http://www.mostraopereta.blogspot.com
Dia 25 de agosto o Grupo Loucura alternativa apresentará os poemas de brecht as 19 hs.

Compareça e ajude a divulgar!

vôo rebentado

vôo rebentado
pela estrada aquarelada de uma vida petulante
que se manteve prurida até em momentos esquálidos
e transtornados
mas sou despachado de lágrimas
e ínterins rítmicos
extasiado e pertinaz na essência devastadora que carrego
anfitrião da desqualificação
sou contraditório e não me detenho em algumas palavras
sou transitório demais
mas já fui questionado
quem disse que não tenho esse írrito
só posso rir desse fato como quem ri de fato nenhum
sortindo posso me deturpar
e me estragar da maneira que tenho
e minhas feições
são feições talhadas
cortadas
marcadas
pois assim fico transparente e reconduzo tais dimensões
solenes ao absurdo da memória reacionária que teima em não abster
substâncias vívidas daqueles que aniquilaram a essência de outrora.

Palavras soltas

Caminho de casa, andando até a estação de trem, tive um turbilhão na cabeça; várias coisas ao mesmo tempo na mente. Palavras soltas vinham como uma onda vem ao encontro da praia. As palavras fluíam sem problema nenhum. Pensava, pensava e tudo ali, num instante. Uma narrativa fantástica; letra por letra e uma espécie de texto ia se desenrolando e desenvolvendo em minha imaginação. Naquele momento gostaria de ter um gravador, desses pequenos que gravam vozes. Hoje, escrevendo esse pequeno texto, que não é um conto não me lembro de absolutamente nenhuma frase, uma palavra sequer daquele momento de esmero da mente. Também, num dia qualquer, já deitado, pronto para dormir, tive outro desses relâmpagos cerebrais metidos a escritor e imaginei, frase por frase, um conto. Era um conto com começo, meio e fim. Mas a preguiça de levantar da cama quentinha me venceu. No outro dia, ao me levantar ainda me lembrava de algumas passagens do conto, mas aí também não escrevi nada. Tudo se perdeu no infinito mundo das imaginações.
Em alguns casos, até tento escrever algo depois, como está acontecendo agora, mas as idéias, as palavras, as frases saem de outra forma. Tudo alternado e alterado. Até, em certo ponto, consigo desenvolver um poema, um micro conto, ou algo similar.
Poucas vezes um conto, quando escrevo um, me vem antes. Penso em algo, algum acontecido, ou invento alguma coisa mesmo e aí vou destrinçando as palavras, ora no computador, ora num caderninho que levo, às vezes, comigo. Gosto de escrever de supetão. Quando menos espero tenho alguma coisa. Poema acho mais difícil, parece que a emoção transborda mais. Também aí pode haver um tempo relativo. Há contos e crônicas que também têm seu conjunto de emoção...e razão. Interligados, ambos, dão um contínuo à espessura das palavras. Jogar, fragmentadamente, as palavras também é uma solução que busco; de vez em quando crio um texto bom ou que pelo menos seja legível.
Porém, penso, acima de tudo o fator criativo designa a condução da pena (metáfora!).
Gosto mesmo de escrever qualquer coisa. Qualquer pensamento é um transbordo de emoção; julgue-o quem quiser ler. Tire a conclusão de tudo quem se arriscar nessa viagem que é a leitura.
Desde os, chamados, clássicos até os não clássicos, passando por zines, blogs e derivados; em tudo há leitura suficiente e escrita intimista de alguém que se propôs à isso.
Precisamos entender que escritor não é somente aquele que escreve profissionalmente, - falo isso sem preconceitos – e sim todos aqueles que, de uma forma ou de outra, rabisca suas idéias em algum canto.

olhando a paisagem

Naquele dia fiquei debruçado diante da janela, olhando a paisagem da rua e chorando; até, certo ponto, também, enrijecido pela degradação das convivências amorosas que falam ao nosso instinto mais primordial.
Feliz? Sim, feliz! Contraditório, como sempre fui.
Pego uma mochila bege que há muito tempo estava ali, encafuada, dentro do que sobrou do guarda-roupas. Um cheiro de mofo sobe e toma o ar por completo. Espirro algumas vezes.
Tento rever alguns itens que, até então, me eram claros na cabeça, como: caminho a se seguir, condição do tempo, telefonar para alguém etc. mas a impermanência da mente é avassaladora; tarde demais.
Há saudades que se desfazem tão rápido, há sentidos que não buscamos. Sou quem sempre chorou. Desde sempre.
...olhando, agora, para as coisas empilhadas num canto a casa me parece maior. Meus filhos dirão que enlouqueci. Somente eles poderão me dizer isso. Viver é atuar. Minha velha vida se esfarelando diante dos meus sentidos.
Choro.
Quando se é assim não há muito o que lamentar. Uma carta, se podemos denominar, é um atestado da palavra; deixar um lembrete, uma lembrança.
A carne sendo trucidada com lacunas extensas. São dores, cortes que ficam ali te incomodando.
“Vai fazer algo?...”
Sorrio.
Velhas fotografias jogadas ao léu. Imagens das nossas alegrias. Quem, olhando para estas fotografias, poderá dizer que não fomos felizes um dia?
Mas assim eu estou tranqüilo. Minhas roupas cabem em qualquer lugar; farrapos, como ela diria.
Sorrio. Estou feliz por um desvencilhamento qualquer, uma ruptura qualquer.
Olhando para a casa sinto a temerária nostalgia, mas gosto. É quase um alívio e uma sensação de estranheza percorre o corpo.
Novamente o telefone. Meus filhos disseram algo sobre ligar. Acho que eles me ligariam.
A velha mochila ainda é útil; depois de tanto tempo sem uso. Sinto que percorrerei caminhos novos; trilhas opostas ao meu rumo tradicional. Sinto que viajarei solidificado pela sorte. Distinto e sóbrio...ainda me mantenho sóbrio.
Olho a casa. Quartos vazios; até um tempo atrás brincávamos por aqui. As paredes mostram que éramos felizes. As plantas que cultivávamos...tudo se perde. Vida útil...
...deixar a carcaça para trás e seguir...num canto os livros, as fotos...tento refazer algumas lembranças.
Algumas roupas, alguns livros. Não preciso de mais nada. Ninguém precisa. Temos tantas coisas sem necessidade de as ter. Tomamos as coisas como nossas e acreditamos que assim estamos felizes, acreditamos que estamos vivendo. Não sabemos admitir, para nós mesmos, que nada nos pertence.
Na mochila bege cabe meu pequeno mundo, que a partir de agora será transitável. Mutável. Minhas pernas me levarão para outros mundos. Mas este, que deixo para trás, me acompanhará de alguma forma.

17-07-07

número cabalístico com nova cara? transgressão da simbologia meia meia meia, adicionou um número em sua forma. final de tarde, desastre. imagens que passam, invadem, esquentam, amedrontam. estarrecimento. o que fazer? informações desencontradas, pessoas desesperadas, aguardando dados, nomes de próximos, quem estava lá? com que exatidão as coisas acontecem? novas imagens surgem. euforia na competição. certezas e esperanças, jogando com milésimos de segundos muito importantes na natação. disputa acirradíssima. vitória bonita com sabor doce, mais que doce. comentaristas estrangeiros que querem desacreditar da capacidade de vencer com folga, dos atletas que nunca perderam a medalha nesta modalidade. coitados, estavam cansados. frustração, mas não da casa. nova festa da comemoração. diego hypólito desponta. arrogante? e daí, não é a pessoa que está sendo julgada. trabalho fantástico, apresentação belíssima e merecedora da pontuação máxima, assim como realmente foi. o brasil fazendo bonito nas competições do pan. será influência dos números, da data? fosse isso a comemoração poderia ter sido maior. mas era dezessete do sete de sete, o dia em que os astros decidiram se fantasiar, brincar de carnaval e fazer charadas com a vida. comemorando e chorando. gritando e calando.


Depois de um certo tempo sem postar nada no blog, senti vontade de registrar a minha impressão.
Gostaria de escrever muito mais, mas, de certa forma me satisfaço com o que consigo produzir. Quem sabe futuramente tenha mais sucesso nesta empreitada! ;-p

Michele

grupo Loucura Alternativa

O grupo Loucura Alternativa formado na zona leste de São Paulo, mais especificamente
na Casa de Cultura do Itaim Paulista e conta com 3 anos de existência, está se
apresentando freqüentemente em vários pontos da periferia da zona leste o espetáculo
"Poemas de Bertolt Brecht". O espetáculo conta com a adaptação à partir da
interpretação feita pelos atores dos poemas deste importante dramaturgo alemão que
idealizou o teatro épico, que traz reflexões sobre temas sociais (exploração, mídia,
pensamento, desigualdade social, etc...)

Confira a agenda do grupo que está aberto para convites para futuras apresentações.

No Espaço Satyros 3
Rua: vistosa madre de deus n:40B. próximo ao DP 59 - Itaim Paulista
Dias: 29/07 - 05, 12 e 19/08
Horário: 19:30h
gratuito

Na Associação Cultural Opereta
Rua: 1º de Maio 55 - Calmon Viana - Poá.
Dia: 25/08
Horário: 20:00h
gratuito

Caboclo Cumpradi Adriano tentado “arrumar” a fogueira a moda indígena

Mais Narguilé


Nem a Lindalva resistiu!!

eu e a michele, noivos....

ARRÁIA COM NARGUILÉ – encontro de culturas


há mais ou menos umas duas semanas, fomos numa festa (arráia), na casa de uma pessoa (Z - apelido dela) que é amiga de uma amiga (Lindalva).
foi bem divertido. conhecemos pessoas e fizemos novas amizades e ainda por cima dançamos a quadrilha, eu e a Michele fomos os noivos.
nessa foto, depois de muito tempo nosso amigo (Paulo) nos enviou, eu estou fumando na narguilé um fumo de maçã (uma delícia, super suave) que o Sarquis, ele armênio, levou para lá.
do meu lado direito está a Michele e do esquero o Sarquis, o outro rapaz, atrás da gente, e sem cabeça, infelizmente, não dá para ser reconhecido...acho que ele aparece em outras fotos.

Fragmentos de textos

O Dadaísmo, na literatura, de certa forma, nos deu a fragmentação; ali o percusor e poeta Tristan Tzara, de certa forma, nos mostrava como fazer um poema em "Para fazer um poema dadaísta...”:

"Pegue num jornal.
Pegue numa tesoura.
Escolha no jornal um artigo com o comprimento que pretende dar ao seu poema.
Recorte o artigo.
Em seguida, recorte cuidadosamente as palavras que compõem o artigo e coloque-as num saco.
Agite suavemente.
Depois, retire os recortes uns a seguir aos outros.
Transcreva-os escrupulosamente pela ordem que eles saíram do saco.
O poema parecer-se-á consigo.
E você será um escritor infinitamente original, de uma encantadora sensibilidade, ainda que incompreendido pelas pessoas vulgares.


Brincando, brincando. Cínico, se assim podemos dizer. Sutilezas e percalços a serem removidos da chamada literatura séria. Quanto mais séria melhor será para a falência das palavras.

Tento jogar (com) as palavras e ao mesmo tempo me preocupo com alguns parcos leitores que por ventura passem os olhos sobre essa página. O grande barato é não pensar em linha reta. Acho que isso tem a ver com essa modernidade toda, não há mais paciência em ler grandes textos; hoje a imagem está cada dia mais latente e isso faz com que a gente também se torne refém dela. Mesmo nos não sabendo ler tais imagens. Às vezes precisamos de legendas para as imagens, pelo menos os jornais acreditam nisso.
Quem se atreveria hoje a publicar fotos pequenas e sem legendas em revistas e jornais? Talvez os “alternativos”. Talvez.


Já há algum tempo li um texto na revista Carta Capital. O artigo foi assinado por Mino Carta e chama-se “História de um povo traído”. Esse artigo-crônica é um golpe fortíssimo em nossas cabeças; nós, a grande parte estarrecida, lemos e, imóveis, pensamos em que situação o Brasil – o gigante adormecido, a bela que dorme o sono eterno – meteu-se. Ou, pelo lado mais amplo da questão, a classe dominante, elite, ou outro nome qualquer que lhe é dado apoderou-se dessa imensidão de terra e faz e aterroriza desde sempre.
Essa podridão nos é imposta e somos levados pela miséria, arrogância com que uma minoria de “afortunados” se satisfaz e outros tantos desgraçados são acorrentados e elevados à condição de subalternos; uma situação que permanece inalterada e parece que nada consegue mudar este trajeto. Sutilezas políticas e blábláblá não resolvem nada. Temos que nos resolver na base cultural, visualizarmos outras possibilidades de alterações socioculturais e econômicas.
-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=
Vi um filme chamado “Um filme falado”, o diretor é o português Manuel de Oliveira, um super diretor, uma lenda vida do cinema. Esse cara tem uma visão muito aguçada sobre o cinema; é um filme bem realizado, uma direção de atores bacana. O filme é sobre a viagem de uma professora de história com sua filha. Ela está indo ao encontro do seu marido, que é piloto de avião e está a esperando numa outra cidade por onde o navio passará. Então aproveitando a oportunidade, a professora começa a percorrer, de navio, o mediterrâneo e narrando para sua filha a história da civilização. São imagens sensacionais de cidades incríveis como Pompéia, Atenas e outras. Não é um filme muito convencional, a personagem fala muito, aliás, o filme todo baseia-se em cenas paradas e com muita conversa. Não concordei muito com alguns teores dessa explicação histórica que a professora passa para sua filha, é uma visão muito eurocentrica, igual a alguns livros escolares que nós estudamos nas escolas. Infelizmente eles ainda se acham o centro do mundo.

CARTA DO LIVRO

1 - TODOS TÊM O DIREITO DE LER

A sociedade deve agir a fim de que todos possam usufruir dos benefícios da leitura. Num mundo onde o analfabetismo impede uma grande fração
da população de ter acesso aos livros, os governos têm o dever de contribuir para a eliminação desse flagelo. Eles devem apoiar a produção do material impresso necessário à aprendizagem e à conservação da capacidade de ler. Em caso de necessidade, uma assistência bilateral ou multilateral deve ser fornecida às diversas profissões do livro. Os produtores e os distribuidores de livros, por sua vez, tem a obrigação de velar por que as idéias e as informações transmitidas pela palavra impressa sigam a evolução das necessidades dos leitores e do conjunto de toda a sociedade.
2 – OS LIVROS SÃO INDISPENSÁVEIS À EDUCAÇÃO

Numa época em que uma verdadeira revolução se opera no domínio da educação,
e na qual programas de grande envergadura são postos em atividades para aumentar
o número efetivo de escolares, é preciso assegurar , por meio de uma planificação
apropriada, uma adequação constante entre os manuais didáticos e o desenvolvimento
de sistemas de ensino. A qualidade e o conteúdo dos manuais de ensino devem ser
ininterruptamente aperfeiçoados em todos os países do mundo. A produção regional
pode ajudar aos manuais didáticos, assim como quanto aos livros educativos de caráter
geral, que são particularmente necessários ao aparelhamento das bibliotecas escolares
e à execução dos programas de alfabetização.

3 - A SOCIEDADE TEM O DEVER DE CRIAR CONDIÇÕES PROPÍCIAS À ATIVIDADE CRIADORA DOS AUTORES
A Declaração Universal dos Direitos do Homem estipula que “toda pessoa tem direito à proteção dos benefícios morais e materiais decorrentes de toda produção científica, literária ou artística de que ela é autora”. Essa proteção se deve estender igualmente aos tradutores, que, por meio de seu trabalho, contribuem à difusão dos livros para além das barreiras lingüísticas, constituindo assim um elo essencial entre o autor e um público mais amplo. Considerando-se que todos os países têm o direito de exprimir a personalidade cultural que possuem, salvaguardando com isso a diversidade indispensável à civilização, eles têm o dever de apoiar seus próprios autores em sua missão criadora, assim como de favorecer, pela tradução, o conhecimento das riquezas literárias dos outros países, aí se incluindo aqueles cuja língua tem fraca difusão.

4 – UMA ROBUSTA INDÚSTRIA NACIONAL DE EDIÇÃO É INDISPENSÁVEL AO DESENVOLVIMENTO NACIONAL
Num mundo em que a produção dos livros é extremamente desigual e no qual tantos homens estão privados de leituras, o desenvolvimento planificado das atividades nacionais de edição se impõem. Conseqüentemente, é preciso tomar medidas em escala nacional, completando-as, se necessário, pela cooperação internacional, visando a estabelecer a infra-estrutura necessária. O desenvolvimento da indústria de edição, que deve ser integrado à planificação da educação, da economia e do setor social, requer ainda a participação de organizações profissionais, estendida em toda a medida do possível ao conjunto de círculos do livro, graças a instituições como os conselhos nacionais de promoção do livro, assim como um financiamento a longo prazo e com baixas taxas de juros, a partir de uma base nacional bilateral ou multilateral.

5 – CONDIÇÕES FAVORÁVEIS À FABRICAÇÃO DOS LIVROS SÃO INDISPENSÁVEIS AO DESENVOLVIMENTO DA EDIÇÃO
Em suas políticas econômicas, os governos devem e devem agir de modo que a indústria do livro disponha das provisões e do material necessários ao desenvolvimento de sua infra-estrutura, notadamente de papel e de máquinas de impressão e encadernação. A utilização máxima dos recursos nacionais assim como as facilidades concedidas à importação dessas provisões e desse material permitirão a produção de textos de leitura pouco custosos e agradáveis. Também deve ser dada prioridade à transcrição de línguas não-escritas [ágrafas]. Todos aqueles que participam da fabricação de livros devem velar para que as normas mais elevadas possíveis sejam aplicadas no que concerne à produção e à concepção, particularmente no que diz respeito aos livros destinados a pessoas deficientes.

6- OS LIVREIROS CONSTITUEM UM ELO FUNDAMENTAL ENTRE OS EDITORES E OS LEITORES
Situando-se no extremo dos esforços que visam a apoiar o hábito da leitura, os livreiros têm responsabilidades ao mesmo tempo culturais e educativas. Velando para que um leque de boas obras seja oferecido aos leitores, eles têm uma função capital. Tarifas especiais para as remessas pelo correio e por frete aéreo, facilidades de pagamento, e todas as outras reduções que sejam de natureza a aliviar as taxas financeiras, ajudam-nos a desempenhar essa função.

7 – SEDES DO CONHECIMENTO ARTÍSTICO E CIENTÍFICO, CENTROS DE PROPAGAÇÃO DA INFORMAÇÃO, AS BIBLIOTECAS FAZEM PARTE DOS RECURSOS NACIONAIS
As bibliotecas ocupam uma posição-chave na distribuição dos livros. Elas constituem freqüentemente o meio mais eficaz de colocar os textos impressos à disposição do leitor. Enquanto um serviço público, elas favorecem a leitura, que, por sua vez, contribui ao bem-estar individual, à promoção da educação permanente e ao progresso econômico e social. A organização das bibliotecas deve corresponder às possibilidades e às necessidades de cada nação. Não apenas nas cidades mas, mais ainda, nas vastas regiões rurais, com freqüência desprovidas de livros, cada escola e cada coletividade haverá de possuir ao menos uma biblioteca dotada de pessoal qualificado e de um orçamento suficiente. As bibliotecas desempenham igualmente uma função essencial na satisfação das necessidades dos especialistas e do ensino superior. O estabelecimento de redes nacionais de bibliotecas haverá de dar ao leitor, em toda parte, a possibilidade de ter acesso aos livros.

8 – MEIO DE CONSERVAÇÃO E DE DIFUSÃO DA INFORMAÇÃO, A DOCUMENTAÇÃO SERVE À CAUSA DO LIVRO
Os livros científicos, como todas as obras especializadas, são tributários de bons serviços de documentação. Conseqüentemente, convém desenvolver esses serviços com a ajuda dos governos e de todos membros da comunidade do livro. A fim de que cada país possa dispor a todo momento da documentação mais completa, medidas devem ser tomadas para que o material de informação circule o mais livremente possível através das fronteiras.

9 – A LIVRE CIRCULAÇÃO DOS LIVROS ENTRE PAÍSES CONSTITUI UM COMPLEMENTO INDISPENSÁVEL ÀS PRODUÇÕES NACIONAIS E FAVORECE A COMPREENSÃO INTERNACIONAL
Para que as obras criadas no mundo sejam acessíveis a todos, é de importância capital que os livros circulem livremente. Os obstáculos, tais como tarifas aduaneiras e impostos, podem ser eliminados por meio de uma aplicação generalizada dos acordos da Unesco e das outras recomendações e tratados internacionais concebidos com esse fim. As licenças de importação e as divisas necessárias à compra de livros e de matérias-primas destinadas à fabricação dos livros devem ser em toda parte concedidas de modo liberal, e é preciso reduzir ao mínimo os impostos interiores e os outros entraves ao comércio dos livros.

10 – OS LIVROS SERVEM À CAUSA DA COMPREENSÃO INTENACIONAL E DA COOPERAÇÃO PACÍFICA
“Tendo em vista que as guerras surgem no espírito dos homens, declara o Ato constitutivo da Unesco, “é no espírito dos homens que devem ser construídos as defesas da paz”. Os livros representam um dos principais meios de defesa da paz, em razão do papel considerável que desempenham na criação de um clima intelectual de amizade e de compreensão mútua. Todos os interessados têm a obrigação de assegurar que o conteúdo dos livros favoreça a plenitude do indivíduo e o progresso econômico e social, a compreensão internacional e a paz.


Aprovado em Bruxelas, em 22 de Outubro de 1971, pelo Comitê de Apoio ao Ano Internacional do Livro

Feriado

Feriado.
Ufa! Chega de trabalhar. Gostaria mesmo de não fazer nada. Nesse sentido mesmo. Nada. Mas adquiri algumas coisas e tenho que paga-las. Sim, reconheço que meu trabalho me gera prazer, me dá satisfação. Realmente gosto do que faço. Às vezes não gosto. Assim vou tentando não sofrer muito com o trabalho em si.
Nesse feriado fiz algumas coisas. Fui ao cinema. Coisa que gosto muito, amor mesmo, desses eternos. Estava em casa, eram quase duas da tarde. Pensei em andar de bicicleta. Mas o sol estava terrível, sem tréguas. O ar então...aí olhei no guia e vi que às 15 tinha um filme no HSBC Belas Artes. “Um lugar na Platéia”. Li a sinopse, que nunca dá conta de dizer nada sobre o filme. Mas tudo bem, decidir ir ver esse mesmo, até pela questão do horário.
Fui de metrô para chegar mais rápido. De onde moro, no Brás, até a Consolação, em dias sem muito movimento, dá um trecho de quase meia hora. O metrô custou a chegar, aí lembrei que era feriado; fiquei na plataforma um bom tempo. Veio lotado, parecia horário do pico. Aliás, não existe mais isso, em qualquer horário o metrô tá cheio e esse da linha vermelha, Itaquera – Barra Funda, é o pior. Em todos os sentidos.

Cheguei pra assistir o filme e quando fui comprar o ingresso, a atendente me disse “quatorze reais”. Como?, perguntei espantando, porque nas segundas feiras há uma promoção nesse cinema, o ingresso custa quatro reais. Aí a atendente me disse que era feriado. Tudo explicado então. Ainda bem que eu estava com a minha carteirinha (autêntica) de estudante. Paguei metade.

O filme é ótimo, exuberante até. Mas eu gostei muito, muito mesmo. Até chorei em certas cenas. Mas isso se deu pelo meu estado emocional que estava terrivelmente agravado. Mas isso é outra história. O filme retrata a vida de uma jovem francesa (Jéssica) que saí de um bairro longínquo e vai trabalhar em Paris, num café restaurante que é freqüentado por artistas locais. Através dos olhos de Jéssica conhecemos um outro lado desses artistas, sem glaumor, apenas humanos comuns vivendo seu cotidiano, suas angústias, suas felicidades, enfim, gente com a gente, trabalhadores assalariados. Dentre esses um me chamou mais a atenção. Um músico clássico, pianista, envolto com suas crises com a carreira. Numa cena sensacional ele está no palco, com a orquestra, num solo de uma música linda, não sei que música que era, de repente ele pára de tocar, a platéia dá aquele cochicho básico, e ninguém entende nada. A camera percorre a platéia toda e volta no pianista. Ele começa a falar que estava muito calor e aquela roupa o sufocava. Então ele começa a tirar a roupa, estava de fraque ou algo assim. Aí ele fica só de camiseta e volta a tocar, tão bem quanto antes. Rompe-se ali a questão da roupa com o fato de tocar música denominada clássica. Mas não só isso, toda uma imposição de cultura erudita que subjuga as demais. Como se isso fosse realmente necessário. Inclusive li em algum lugar e nem sei quem escreveu, mas li que música é música, não existe isso de clássico ou popular. Tudo é música.

Saí do cinema mais aliviado, contente até. Pena que o ar naquela tarde estava carregado demais. Fui a pé pra casa, precisava digerir o filme. Desci a Augusta com o nariz doendo, doendo mesmo. Não conseguia respirar direito, parecia que o ar estava empedrado. Por falta de outro termo mais adequado uso esse mesmo. Comprei uma garrafa de água, dessas grandes, e fui tomando pelo caminho.

manifestações

Duas mulheres e um homem, aparentemente comuns, mas só aparentemente.
O filme começa com o diretor - no caso Júlio Bressane - sendo mostrado no set de filmagens.
Temos quase um documentário a lá Eduardo Coutinho, mas é só isso, não é um documentário, poderia ser? Talvez...
Logo em seguida somos levados para outra cena, bela, como todo o filme: as ondas do mar, num vai e vem suntuoso, ataca a pedra, que sem pestanejar, apenas goza da frescura das águas.
Não pude resistir a tentação de fazer uma pequena introdução a esse filme - FILME DE AMOR - sensacional, poético (lugar-comum). Como definir um filme de Júlio Bressane?, difícil, até mesmo para críticos com largas experiências em análises - essas totalmente subjetivas.

Li em algum jornal que alguns críticos europeus não conheciam o diretor, e quando viram esse filme ficaram maravilhados com a obra artística e de profunda sensibilidade de Bressane. Tais críticos, segundo o jornal, se perguntavam como eles (sabedores de todas as artes e de profundo conhecimento sobre tudo, inclusive sobre cineastas – artistas em geral – do terceiro mundo – ou países em desenvolvimentos!) não conheciam esse diretor de tanto talento; essa é uma resposta muito, mas muito mesmo, difícil de se dar; teríamos que buscar toda uma imposição de cultura, toda uma saga de matança e estupros, saques e outras barbáries, buscar na história uma cultura de imposição, de subjugação dos povos conquistadores que, sem se preocuparem com a cultura e a riqueza de um determinado povo, fez questão de (tentar) abolir do planeta toda essa diversidade de bens históricos e humanos acima de tudo.

Então não nos é difícil compreender o porque desse não conhecimento de alguns catedráticos e supostos donos da cultura em relação – não só desse diretor em particular – a tudo que acontece com países e culturas alheias à hegemonização da banalidade. Sendo assim não nos custa nada valorizar nossos feitores, nossos artistas, nossos valores e nossas sabedorias.

Sabemos como nos é complicado aplacar nossas manifestações, somos bombardeados por supostas estéticas culturais - não que não haja coisas bacanas em outros lugares - , seria uma imbecilidade e um ufanismo terrível pensar dessa forma, estaríamos apenas reproduzindo pensamentos dominantes, mas quando estivermos presenciando alguma manifestação artística, perguntemos, lá no nosso mais profundo íntimo, o que temos a ganhar com essa obra, o que realmente vale a pena para nosso olhar captar e transformar em algo de estruturação intelectual.
Sermos papagaios já é uma fato que corriqueiramente ocorre. Ingerir algo não significa apenas isso; reter sabores e transforma-los em algo que nos seja realmente válido.

SEM DIREÇÃO

- Num momento, desses sublimes, pensei em fazer qualquer coisa em prol da humanidade. Aí vi que a humanidade não valia tanto assim e decidi ir viver num sítio, margeado por um riacho com patos dentro.
A voz era suave e terna. Parecia uma garota na faixa dos 20 e poucos anos. Permaneci ainda um tempo ouvindo aquilo tudo que ela dizia.
Era um relato desses que algumas programações de rádio transmitem.
No final da transmissão, a voz é identificada pelo locutor. Essa suposta garota era uma senhora já com mais de 80 anos. Ela vivia num asilo ou, para ser mais politicamente correto, numa casa de repouso; e ali realmente tinha um lado com patos.
Aquilo tudo me deixou um tanto perturbado. Não por nada mais sério...sei lá, pensei na vida, na minha vida.
Quando eu era criança minha avó dizia que seu sonho era ir morar num sítio no interior da Bahia. Plantar e colher café, milho, arroz; cuidar de galinhas e cabritos.
Morreu antes, numa cidade entupida de carros e fumaças.
Hoje sou um avô e meus netos nem sonham saber o que vida infantil de minha geração era e tinha.
Viver às margens. Digo sempre isso para eles. Eles me olham com aquele olhar perdido e alegre e nada dizem.
As cidades calam nossos sonhos. Matam nossas fantasias. O dia-a-dia é emblemático. Cotidiano jaz em transpiração.
Quando mais jovem quis sempre um local para plantar. Brincar de jardinagem. Correr por campos extensos sem direção.
Continuo correndo num campo sem direção; vivendo num extenso sonho com lago repletos de patos. Brindo à vida com prazer juvenil e fraterno.
Ouvindo o depoimento da senhora garota, pude sentir sua felicidade aleatória da vida. Essa aleatoriedade era marcante demais. Seu depoimento nos transmitia a tranqüilidade que só quem está realmente feliz pode ter.
Ainda tomei meu café. Perguntei pro rapaz que atendia que rádio era aquela.
Minas FM. Era um programa com pessoas que viviam em casas de repousos. A idéia do programa era transmitir como essas pessoas estavam sendo bem cuidadas.
Senti o cheiro da manhã mineira. O sol nascendo atrás das montanhas. Muito delicioso tudo. A vida, o café...

FILME

Nessa semana, mais especificamente no domingo, dia 08, às 14 horas, estaremos realizando nossa primeira projeção de curtas. Primeira nesse espaço, antes, no CEU Curuçá, há uns 2 anos atrás, já tínhamos realizado algo parecido. Nesta ocasião, planejávamos a estruturação de um cineclube; até um nome já tínhamos: Cineclube Bolo D’água. Realizamos algumas projeções, inclusive trazendo, para nossa honra, Zagatti, que deu-nos a oportunidade de uma conversa enriquecedora. Mas, por alguns motivos, digamos um tanto burocráticos, deixamos de lado a idéia.
Agora, depois de algum tempo surge, novamente, a chance de realizarmos mais uma projeção. Dessa vez num espaço de origem privada, mas de uso público. A idéia surgiu da conversa que tive com um amigo que coordena o espaço; esse amigo ( Evanildo Breguesso) e eu já tínhamos realizado alguns projetos quando batalhávamos na ONG Pensa. Grandes momentos! Mas aí já são outras narrativas mais longas. Fico aqui somente com a projeção.
Esse espaço só foi possível graças ao projeto da Companhia de Teatro os Satyros; eles, por meio de conversas com o Evanildo, levaram à periferia da Zona Leste a idealização do trabalho já realizado pelo grupo na Praça Roosevelt, no centro. Hoje já são realizados cursos e outras atividades no espaço.
Tudo isso é um grande trabalho de perspectiva sociocultural que a periferia ganha. Pormenores da arte que sempre são bem vindas em locais de extrema urgência cultural e onde o poder público não faz muita questão de atuar.
Pois bem, nesse domingo estaremos por lá, levando um pouco de cooperação em forma de imagem. Projetaremos curtas metragens, pois esses quase não tem o seu espaço, e uma boa parte das pessoas nem sabem que se fazem filmes de curta duração. Nossa intenção é mostrar que filmes desse âmbito também tem sua história e que bons filmes são realizados; discutir a idéia de cinema hoje num momento que estamos sendo atravessados por tanta tecnologia, tantas incertezas e propensões à arte do audiovisual.
Hoje o chamado cinema de grande massa passa por questões ambíguas e angustiantes. Cada vez mais tais filmes são colocados em xeque pela outra grande maioria que, “artesanalmente”, gera seus pequenos filmes. Documentários, ficções, animações; todo sedentos para serem degustados.
Cineclubes que fazem das projeções – e não só isso – um alento à uma galera que corre por fora e com isso mantém viva essa coisa do cinema, das artes da imagem; essa corpulência da viva e que se alimenta disso mesmo: dos pequenos filmes que, sem seu devido e merecido espaço, buscam nessas projeções algo a mais do que serem apenas vistos.

Nossa projeção começa Domingo, dia 08 de Julho.
Às 14 horas.
Rua Vistosa Madre de Deus, 40B
Jardim Noêmia, Zona Leste.
Rua da 59º DP

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