12° ENCONTRO NACIONAL DE JONGUEIROS - 2008

12° ENCONTRO NACIONAL DE JONGUEIROS - 2008

O Encontro de Jongueiros reunirá os grupos de jongo do Brasil em apresentações coletivas, oficinas e debates.

Em 2008 o evento acontece no Vale do Paraíba em Piquete / SP e contará com a importante presença de grupos de jongo de 19 municípios do sudeste do país.

Serão duas noites de festa com a presença dos grupos do Quilombo São José - Valença, Barra do Pirai, Pinheiral, Angra dos Reis, Santo Antonio de Pádua, Miracema, Serrinha, Porciúncula, Quissamã, Campos, São Mateus, Carangola, São José dos Campos, Guaratinguetá, Campinas e Piquete.

Acontecerão intercâmbios de experiências com intuito de garantir a continuidade e a renovação dessas práticas culturais e o desenvolvimento de estratégias coletivas de transformação da qualidade de vida das suas populações através da arte popular.

O evento é produzido pela Associação BRASIL MESTIÇO e o JONGO de PIQUETE com o apoio da PREFEITURA MUNICIPAL DE PIQUETE e o patrocínio da PETROBRAS Cultural e terá portas abertas ( nenhuma cobrança ) .

CANTO DO PÁSSARO SELVAGEM - jonilson

vou embora vou embora vou embora
canta o pássaro selvagem na cidade
domesticado ao extremo
canta pelas bordas do penar
ele pasma com seu próprio canto
e chora lágrimas externas rachadas suadas calejadas
canta a saudade nostálgica do ontem
dos amores deixados lá...
sua maledicência exime sua desobediência porém o pássaro pardal águia não voa aquele vôo...
canta amigo suas queixas,
desoladas
desorientado parte pro súdito percorrido da vida
vou me embora vou me embora
um canto descomunal em altiplano
uma reverberação da própria
luz que se emite
em tonante
uma descomunal vibração se enleva do pássaro selvagem
de volta ao sonho do bater de asas
voar e distanciar-se do mundo cardíaco
percorrido sua trajetória o pássaro selvagem
se entoa como um ser pueril na sua conflagração
atemporal dos antepassados que com ele voam ao infinito.

13 ANOS

A primeira vez que a vi ela tinha apenas 13 anos.
Apenas isso. Eu já passava dos vinte e pouco. Não mais que isso. Mas na minha vivência havia muita experiência. Ela era baixinha, cabelos pretos escorridos; muitos escuros. Por isso deduzi que ela pintava os cabelos. Um rosto claro desvelava um olhar sedutor de menina.
Estávamos numa festa.
Aniversário do meu sobrinho. 16 anos.
Deep Purple tocava alto para os bons ouvidos juvenis delirarem. Ela dançava e mexia os longos cabelos.
Eu bebericava uma cerveja e passeava pela casa reconhecendo o local.
Há mais ou menos uns cinco anos eu havia me mudado e então essa era a primeira vez que eu voltava ali. Um convite de minha irmã para matar a saudade dos parentes. Uma festa de aniversário. Nada mais propício.
Fui me apresentado, reapresentando (e representando), aos poucos, à algumas pessoas. Primos, primas, alguns tios e tias. Família extensa. Ainda faltavam mais gente. Minha irmã sempre sorridente. Meu sobrinho alucinado. Não parava. Ia de um canto a outro da casa, dançando e conversando com todos.
Ela, meiga, agora conversava com outra menina. Todos muito juvenis. Fiquei, de repente, velho? Não, não era isso, era algo muito mais profundo do estado de alma, da minha alma! Mas isso não me dizia, nesse momento, nada. Eu precisa chegar-me à ela de alguma forma. Sem restrições e sem demasiada formalidade. Apenas um encontro numa festa juvenil e familiar.
Chamo meu sobrinho e digo-lhe meus planos. Ele, como era de se esperar, ri. Me olha como seu fosse muito velho e anacrônico e saí sem respostas. Fico parado contemplando o vazio familiar e as intenções boçais de cada membro; minha irmã se sentindo a mulher mais simpática do mundo e meus tios e tias fazendo de tudo para não ficarem de fora da juvenilidade festiva. Ridículos. Eu também incluso.
Tomo mais algumas cervejas e me aproximo do DJ na intenção de uma conversa e também pedir um som. Ele não tem mais que 18 anos. Conhece tudo de rock. Me fala nomes de bandas. Reconheço algumas. Ela se aproxima e pedi, meigamente, uma música. Ozzy. O DJ abre um sorriso e me olha como que dizendo, “olha só que bom gosto”, eu aprovo com o olhar e balanço cabeça num gesto de olá. Ela sorri e me pergunta se sou tio do aniversariante. Digo que sim, mas ela já sabia disso. Talvez ela tenha perguntando só pra puxar uma conversa, é o que eu penso. Ótimo então, continuo a conversar com ela; é a minha chance. Mais de perto ela me parece mais nova. Engraçado. Pergunto seu nome, sua idade...seus gestos me fazem querer pular em cima dela e beijá-la desesperadamente. Suas feições são resplandecentes. Ela sorri com meus comentários. Pergunta meu nome, minha idade, do que eu gosto. Digo-lhe tudo o que me ocorre na cabeça, como um bombardeio do cérebro em busca do essencial na atmosfera. Mais sorrisos e gestos delicados de uma menina. Nada me passa mais pela visão. Dançamos e sorrimos com as nossas cervejas na mão. Estou louco para beija-la e ela sabe disso. Jogo seu jogo e deixo-a me seduzir. Ela é maliciosa e eu me contento com isso. Ambos sabemos das coisas.
Ambos sabemos o que queremos.
As conversar em torno de nós girava e eu ouvia alguma coisa. Burburinhos do tipo “olha só o papa-anjo”.
Minha irmã também não poupava seus comentários. Em algum momento ela me cerca e começa seu interrogatório repressor e moralista. Não lhe devo nenhuma satisfação. Penso isso mas não falo. Seria o fim da festa para mim. Deixo as coisas como estão não digo nada. Meus interesses são outros e todos já sabem disso.
O álcool já surti algum efeito sobre meu cérebro e não somente o meu. As pessoas também já estão mais soltas e falando mais.
Ela me olha como olhos vulpinos e não diz nada.
Acompanho-a e ganhamos a rua.
A noite já toma conta do lugar.
Ela senta-se na guia da rua e cruza as pernas dando-me a visão parcial das suas coxas. Sua mão pega a minha e me puxa para junto do seu corpo. Sento-me ao seu lado e passo meus braços pelo seu ombro.
Seu rosto vira-se e encontra o meu. Nos olhamos por um breve momento. Seus olhos dizem “vem” e eu vou. Meus lábios unidos aos seus.
Nesse instante ronda-me um turbilhão de desejos vibrantes e nossas bocas, como ventosas, se unem fervorosamente.
Nada poderia ser igual, nada que eu conseguisse descrever daria conta do momento, nem saberia dizer como um momento soberbo poderia ser descrito em palavras.
Ficamos ali um tempão.
A noite passou efêmera.
Mas o tempo que ficamos juntos durou uma eternidade.

BELO HORIZONTE





Final de semana passada, finalzinho do mês. Eu a minha esposa Michele rumamos para belo Horizonte. Concurso Público no domingo e passeio pelos botecos mineiros com direito a comida e bebida sendo guiado pelo nosso cicerone mineiro com passagem pela paulicéia.
Patrick, nosso amigo, gentilmente nos hospedou. Sua família também fez parte nessa gentileza. Seu pai, cruzeirense roxo, ou azul e sua mãe, que não torce para nenhum time, mas em compensação é uma exímia cozinheira.
Andamos bem em BH, fomos em vários botecos. Comemos e bebemos. Curtimos a cidade que em um breve futuro queremos morar. Talvez mais rápido do que imaginamos. Começamos com uma vontade e agora já estamos em vias de fato.
BH é hospitaleira. Suas ruas centrais planejadas, sua arquitetura centenária e sua gente sem pressa. Ou era eu que estava sem pressa? Sei lá. Percorremos ruas e ladeiras e subimos até a Praça do Papa. Tudo no Sábado de manhã. Depois circulamos a Pampulha e tomamos cervejas nos botecos concorridos. Conheci a rua Bahia, a Av. do Contorno e a feira de artesanato, isso no Domingo. Mais cervejas e mais petiscos.
Almoço pronto. Carne de porco que derrete na boca. Feijão saboroso. A mãe do Patrick fazendo sua mágica na cozinha e nós nos entregando ao seu tempero sedutor. Final de semana com tempero mineiro, em todos os sentidos.
Estamos agradecidos.

mijar

fanzine irracional e emocional