o espaço do sátyros 3 convida:

sarau dia 22/12 Às 22:00

"rapsódia dos malditos"

poema dos poetas malditos recitados em ordem alfabetica por autor.


rua vistosa madre de deus 40b
( ao lado da escola smith bayma )
jardim pantanal


organizadores: melisa e poeta queiroz filho

a igreja

Daqui de onde eu trabalho vejo uma igreja, é uma igreja daquele pastor que comprou o antigo cinema metro e que fala em um monte de programas de tvs.
Antigamente havia algumas árvores em frente ao prédio que, hoje, abriga a igreja, mas os crentes, não crendo na natureza, cortaram as árvores, acho que para se ter uma melhor visão do prédio.
Em frente a essa igreja, de dia, fica uma mesa e daqui de onde estou consigo avistar o que me parece ser um caderno, esse caderno fica em cima da mesa; ah, há também uma caneta junto a esse caderno. Um rapaz fica o dia todo na calçada do prédio da igreja.
É engraçado, ele fica ali abordando as pessoas que passam, é uma abordagem pesada, eu diria que chega a ser rude e grosseira, mas isso é somente um ponto de vista; os passantes são abordados da seguinte maneira: o rapaz se aproxima dessas pessoas e as segura pelo braço, fala alguma coisa e as puxa para assinarem o livro, acho que é para alguma espécie de oração. To achando que para cada nome no caderno ele ganha uma comissão, pois, talvez, esse seja o seu trabalho. Esse rapaz fica o dia todo mesmo, pelo menos quando eu estou aqui no me trabalho sempre o vejo ali, cumprindo a finco sua missão.
Lógico que algumas pessoas, pelo que eu pude reparar, vão até a mesa espontaneamente. Mas outras são realmente arrastadas e há aquelas que não querem e essas precisam de algum esforço para livrar a mão do eficiente rapaz a serviço da graça divina.
Porém há um outro serviço que essa mesma igreja presta a todos nós, vizinhos dela, trata-se de um serviço de som e um som muito alto. De vez em quando, à tarde, alguns irmãos, loucos para salvarem almas desgarradas da fé, colocam na calçada - a mesma que o outro rapaz recolhe nomes – duas caixas de som e ligam o microfone anunciando algum evento que a igreja proporcionará. É um verdadeiro show da fé, e mesmo que por algum acaso tenha alguém que não deseje ouvir o irmão berrando, mesmo assim terá que ouvir, pois a palavra de deus arde e não respeita os infiéis.
Por isso tudo, penso, como um ato de louvor pode ser tão catastrófico para quem não quer participar? Pena que se considerando o respeito aos demais seres nesse caso não há nenhum, e ainda se anunciam como devotos a um deus de amor.

Sociedade Anônima de São Paulo - jonilson montalvão

São Paulo, Sociedade Anônima
Luís Sérgio Person

Nesses dias, por incrível que possa parecer para uma pessoa que se diz apaixonada pelo cinema, vi São Paulo, Sociedade Anônima! Escrevo Sociedade Anônima, assim por extenso, ao contrário de só S/A, pois assim também aparece no letreiro, no início do filme. E é assim que eu analisei o filme. Pois a Sociedade Anônima, ao contrário das iniciais S/A, na minha opinião, nos diz muito mais, talvez como o diretor, Luís Person, pretendesse discutir. A imensidão da palavra, quando a lemos: sociedade anônima soa forte, contundente; soa mais robusta do que simplesmente S/A.
O filme, hoje, pode ser visto, também, como um documentário sobre a cidade de São Paulo. Pois quando as imagens da película em preto e branco, muito bem fotografada, surgem na tela, o que vemos é uma São Paulo em mutação, aliás como hoje também, mas nessa época, talvez, muito mais pela necessidade de nunca parar, nunca dormir. O café já não dá tanto lucro assim; são as indústrias ( no filme principalmente as indústrias automobilísticas) que brotam e que aceleram a economia do maior estado brasileiro, a locomotiva que carrega a nação rumo ao futuro.
Carlos, personagem do estreante Valmor Chagas, é um jovem que vai se engendrar nessa indústria e através dele é que vamos passeando pela cidade. Mas Carlos é também um ser que não está contente com essas estruturas sociais da grande metrópole. Porém, logo de início, ele não sabe muito bem o que fazer, está perdido entre os abismos.
No desenrolar da narrativa, muito bem contada, vemos Carlos se envolver com algumas mulheres, é aí que ele conhece Luciana (Eva Vilma, novinha, novinha). Depois de muitas idas e vindas eles se casam, tem um filho.
Na mediocridade da vida que aceita os padrões, Carlos até que não estava tão mal assim; seu cargo na empresa de autopeças era de confiança, mas não é isso que Carlos quer, ele está em crise e isso o abala e o leva a romper com tudo e com todos.
Ele precisa recomeçar, custe o que custar e talvez isso não tenha um fim próprio nem natural.

poema para michele

Amar você é um bombardeio categórico
Aleatório e infame
Tão bom como um beijo em
Tua boca,
é o sedimento que me devassa
Num tormento de intenso calor
E tudo, desde os pequenos seis
Até os pêlos espalhados
No corpo sedutor
Na região da buceta o calor
O que seria de mim sem esses
Carinhos, estremeceria e fugiria
Ah, meu amor,
Tão bom ser teu que sou
E a ti sou um verdadeiro
Num impulso de cada dia,
De cada respiração,
Num ato de paixão,
Está a minha
Remissão
A minha retidão

fotosdo Sarau do Zé

















algumas f

Sarau do Zé - jonilson montalvão

O Sarau do Zé é uma atalaia da poesia, falada, interpretada ou cantada, no Brás. A cada 15 dias o bar reflete a mais nova sensação da cidade: os sarais; estes pipocam pelos 4 cantos da metrópole que não dorme. O sarau do Zé é no bar do Zé, que acaba se tornando o bar de quem estiver por lá.
Mais: o clima e ambiente do bar é algo de uma energia sagrada, quase um templo budista, a oração é a poesia e o consumo de álcool não está ligado ao excesso do exagero pela droga, mas sim a apenas uma lubrificação necessária, causada, agora sim, pelo excesso de conversas e divagações poéticas e lúcidas filosofias de botequim.
Penso que esses tipos de encontros, onde a poesia e a música, esta mais acessível, são fundamentais para um viver na multidão como em São Paulo. Ali somos levados aos encontros com outras pessoas que tem um mesmo querer e naquele momento uma mesma vontade de modificar aquele pedaço de tempo inebriado pela sensação do poeta que, provavelmente, há em cada um que ali freqüenta.
Ali, no Sarau do Zé, o sarau de todos nós, a fala, a oralidade e a transparência do ouvir é um ato da sensação do corpo todo; o corpo como um campo enérgico que capta tais impressões dos sentidos que regozija ao sabor do conviver.




LUNETIM MÁGICO









Nossa última apresentação do Cineclube LUNETIM MÁGICO. Digo ultima nesse ano; foi no domingo dia 09, apresentamos 3 filmes: “FOI SONHAR COM ELA”, “PELA METADE” e “VAGUEI OS LIVROS E ME SUJEI COM A M...TODA”.
O Tendal da Lapa, na pessoa do Marco Ozetti, mais uma vez agradecemos a parceria e a colaboração.
Ano que vem estaremos de volta aos sábados e em nova instalação, agora numa sala menor e mais aconchegante, logo na entrada do Tendal.
Mas antes disso, nesse domingo dia 16, voltaremos ao Tendal para a projeção dos filmes da Mostra Paulista de Audiovisual. Será às 18 horas e quem tiver a fim de ver novas produções será bem vindo.
O LUNETIM MÁGICO agradece a todas as pessoas que estiveram presentes nessas 4 mostras, durante esses últimos 4 meses, de curtas/média independentes. Em 2008 a mostra continua, sempre buscando a formação de público para estes tipos de filmes, produzidos com garra, paixão e muitas idéias.

CINECLUBE LUNETIM MÁGICO

A última edição de 2007 do Cineclube Lunetim Mágico, projeto que apresenta, gratuitamente, curtas-metragens e discute produções independentes em cinema e vídeo, será realizada no próximo domingo, 9 de dezembro, a partir das 17h30, em São Paulo.

Quem for ao Tendal da Lapa, na zona oeste da capital paulista, poderá conferir neste domingo os curtas-metragens “Foi Sonhar com Ela”, “Pela Metade” e “Vaguei os Livros e me Sujei com a M... Toda”.

O curta de ficção “Foi Sonhar com Ela”, de Júlio Forte, mostra as dificuldades que a personagem precisa enfrentar depois do fim de uma relação amorosa.

A ficção “Pela Metade”, de Ana Divino, foca na vontade da personagem de capturar um momento que se repete na sua vida e, assim, preservar seu passado.

O documentário “Vaguei os Livros e me Sujei com a M... Toda”, de Allan da Rosa, Fábio Monteiro Pereira e Mateus Bertolini de Moraes, fala da falta de representação do negro na literatura ensinada nas escolas e do esforço em contrário do movimento hip-hop e dos escritores da periferia paulistana.

Debate sobre os filmes começa logo após a exibição.

O Tendal da Lapa fica na rua Constança, 72 (travessa da rua Guaicurus), Lapa, zona oeste de São Paulo.

Os interessados em exibir seus curtas-metragens em mostras futuras devem entrar em contato com os organizadores.

Mais informações sobre o Cineclube Lunetim Mágico:
(11) 6839 2147 e pedrapequena@ig.com.br.

FALANDO EM BRINCAr - Maria José

No seu fazer pedagógico os educadores atualmente se defrontam com um ambiente escolar mais questionador, e as relações de gênero, por exemplo, são questões recorrentes. Será que os educadores estão preparados para lidar com essas demandas? Somos educados a partir de padrões sobre o que é ser feminino e masculino, e geralmente acreditamos que existem atribuições definidas para cada sexo. Esses parâmetros manifestam-se em nossas relações pessoais e, conseqüentemente, também junto aos nossos alunos.
As questões de gênero são bastante complexas e, por constituírem um campo de estudos relativamente recente, precisamos debater mais esses conceitos. Podemos definir Gênero como “[...] a organização social da diferença sexual. Ele não reflete a realidade biológica primeira, mas ele constrói o sentido dessa realidade”[1]. Por se tratar de uma construção social, devemos reverter alguns paradigmas, e inibir a criação de estereótipos na escola.
No espaço escolar (e não só aqui), se observa que há uma visível divisão entre as brincadeiras atribuídas a meninos e a meninas e, quando eles “transgridem”[2] com comportamentos diferentes dos padrões tradicionalmente aceitos como apropriados a cada sexo, surge um certo desconforto entre os professores despreparados para lidar com as relações de gênero.
Lembro-me de uma apresentação de trabalhos do pós-graduação [3], onde foi possível verificar o despreparo de alguns professores para lidar com o brincar nessa perspectiva. Uma professora contou que um aluno preferia “brincar na casinha”. Incomodada com isso, convocou os pais para alertá-los sobre aquele potencial problema de comportamento da criança. Apenas o pai compareceu ao encontro, e após o relato da professora ele disse que por estar desempregado, passou a assumir todas as tarefas domésticas e o seu filho estava apenas repetindo atividades que presenciava todos os dias e que provavelmente achava isso divertido.
O fato de um menino preferir ou experimentar uma brincadeira que socialmente é atribuída a meninas ou vice-versa, não deveria provocar um desconforto tão acentuado junto aos professores. O brincar é um momento de fantasia em que a criança usa a criatividade, reproduz e também cria outros personagens. Deve-se levar em conta que o brincar é parte integrante do processo de socialização que constitui identidades individuais, e que tem um caráter sem fim específico. É fundamental que os educadores percebam essa perspectiva e que estejam muito bem preparados para tratar das questões de gênero na escola.

É muito importante refletir e perceber o quanto as relações de gênero estão impregnadas no brincar e nas brincadeiras, pois a partir do brincar podemos desconstruir concepções falhas acerca do que é ser homem ou mulher. Como professores, temos a obrigação de colaborar para que essas crianças, quando jovens ou adultos, estejam aptas a colaborar para que haja uma sociedade de maior eqüidade e de menos preconceitos.

Maria José Dias de Freitas - Pedagoga, Brinquedista especialista em Saúde Ambiental e integrante do grupo Estudos de Gênero, Educação e Cultura Sexual (EDGES/USP).

Contatos: profepity@yahoo.com.br

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