Toda vez era assim. Não sentia muito a perturbação dos outros, apenas não admirava nada.
Iconoclasta para alguns, arrogante e pedante para outros. Mas sua vida continuava, com ou sem a participação alheia.
Lógico que tinha plena consciência do viver em sociedade. Procurava respeitar as diferenças, na medida do possível, óbvio.
Certo dia, ao discutir com sua namorada, percebeu que era cheio de falhas, um ser-humano comum. Isso o arrasou, deixou-o perplexo, até então não conseguia perceber muita coisa.
Tinha consciência de suas falhas, sabia que não era nem um ser exemplar. Mas as palavras daquela garota tinham lhe causado tanta dor. Chorou muito. Ficou num estado de choque por um certo tempo, apenas avaliando tudo que lhe foi dito.
Mas como tudo passa – aqui a fugacidade da vida dando um show – logo estava revivido.
Depois de um certo tempo, numa dessas avaliações ele percebeu que tinha outras diferenças com essa garota e isso era bom para o relacionamento deles.
A vida continuava. Sua vida continuava.
Percebeu que os outros eram pessoas vazias, por isso não se aproximava muito delas. Também fez e cultivou belas e sinceras amizades com pessoas que ele considerava que eram apropriadas. Isso não o revoltava, apenas era seletivo nas suas trocas com outros seres.
Desprezo pelo fútil - tudo que ele achava que fosse fútil.
Desprezo pela humanidade com suas intolerâncias afrontando as questões mais ambíguas. Ele também intolerante com as diferenças. Isso é troca, é a chave. De certa forma não conseguia se ver no outro. O respeito necessário para a compreensão das mais sutis diferenças. Paranóia? Nem tanto.
Tudo bem.
Sua vida prosseguia, suas atividades lhe rendiam prazer, dinheiro não, prazer, esse item necessário para continuar nessa vida, que, de vez em quando, nem vale a pena.
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