a satisfação de brincar:
Brincar. Uma coisa tão natural, tão orgânica. Mas parece que algumas brincadeiras foram se perdendo no tempo; os brinquedos eletrônicos invadiram a vida de quase todos e determinaram algumas novas regras na brincadeira. Algumas crianças simplesmente não sabem mais brincar, nem tampouco fabricar seus brinquedos.
Cresci num bairro da periferia e minha infância foi rica em brincar, criar e fazer novos brinquedos. Fazia de tudo, desde carrinhos de rolimã (esses com uma tecnologia um pouco mais avançada), carrinhos com latas cheias de areia, pernas de pau, pião, até fliperama com madeira e bolinha de gude; estas também com sua própria dinâmica nas brincadeiras.
Já há algum tempo fui convidado por uma amiga, Lindalva, e por um amigo, Adriano, a fotografar o trabalho que eles estavam desenvolvendo através do projeto Brincadeiras em Espaços Públicos; este projeto está ligado a uma ONG internacional chamada Aliança pela Infância, também a ONG Monte Azul, e visa a recuperação das brincadeiras em espaços como praças, parques e onde houver crianças. No nosso caso o projeto aconteceu no Parque Chácara das Flores, entre os bairros de Itaim Paulista e Guaianazes.
Infelizmente o projeto não conta com a verba adequada para acontecer todo mês, o que seria recomendável, pois a participação na comunidade tem como foco a integração dos monitores com as crianças e as mães e pais destas. Mas isso é uma outra história da já conhecida burocracia e o poder público também não mostra muito interesse.
Pois bem, nesse Domingo, 27 de outubro, estivemos no Chácara das Flores e mais uma vez fomos muito bem recebidos pelos usuários do parque. As crianças como sempre se deliciaram (e nós também) com as brincadeiras; foram horas agradáveis correndo, pulando e andando sobre latas e perna-de-pau, pulando corda, rodando bambolê, fazendo cama-de-gato e sorrindo; sorrindo muito. E no final do dia encerramos a festa com uma grande roda de ciranda.
Para mim foi algo a mais na vida, mais uma experiência de como muitas coisas podem ser possíveis e nada é tão violento assim como pregam muitas mídias por aí. Um domingo no parque com felicidade e transbordo de alegrias coletivas. Só tenho que agradecer aos meus amigos e aquelas crianças por me devolveram por algumas horas a minha infância, que de alguma maneira arde dentro do meu ser adulto, e de vez em quando vem à tona, como que dizendo: não se esqueça, e não me esqueço.
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