DISFARÇADO A PAISAGEM – jonilson montalvão

Clorofita. Avenca. Mimosa. Pitanga.
Uma vaso para cada uma,
um enfeite vivo que redime a paisagem cristalizada da urbanidade.
Um ser urbano fincando seus pés em solo barrento.
Um ser atraído por sons e paisagens metafóricas.
Os braços abertos,
da obra de arte, em direção ao vento.
Um caminho, dentro da pintura, que eleva ao infinito.
São tudo paisagens
da memória que retoma a
dicotomia do absurdo.
Reluz a simbologia do tempo
que condiz com a anarquia de uma transgressão do agora.
A existência do agora.
Uma camada de pensamentos sobre tudo:
amigos próximos que estão distantes
e que causam saudades absurdas.
O convívio das relações em tempo miúdos
e distintos nos fazem chorar.
Abraços partidos e corações tremidos
na esfera de uma cidade qualquer.
Destino é uma atalho para a mediocridade.
Cada pedaço de chão é um crucial tempero para a vida.
Distribuir a gosto esse tempero e mistura-lo
a outros ingredientes e fundir tudo numa alquimia
rudimentar. A cada instante requerer a saudade e
dizer tudo por qualquer meio:
meios imagéticos, meios salutares à imanência que,
perdida, volta numa música.
Dizer palavras pela telepatia aguda é
uma força que estas plantas têm,
elas possuem tanto a exemplificação do interior
que me disfarço de ondas salientes
e prossigo, aqui,
olhando por essa janela projeções da mente;
coisas simples que estão ali e precisam ser fotografadas,
coisas absurdas que olho e gravo
e que calam com um simples toque de máquina.
São tudo paisagens, repito...
São tudo memórias e lembranças
carregadas que funcionam de forma
a abstrair a distância das coisas ociosas.
Agora, há mais além das nuvens acinzentadas
que tomam níveis inconscientes
e nos remetem ao paradoxo da vida.
Só além daquilo que podemos ver está
à razão de pensar e
diluir pensamentos em órbitas esquizofrênicas
e cediças e puritanas e ficcionais...
só ali, depois da nuvem cor de bronze que agora
está ao alcance dos meus olhos,
posso realmente deter o tempo
e dizer que o mundo está dentro de minha
cabeça e tudo que eu, por acaso, pensar e requerer
também poderá virar um conto burlesco.

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