6 da tarde - jonilson montalvão

São 6 da tarde e os pássaros fazem sua comunicação no bojo de uma árvore nas margens do museu, bem no centro da metrópole.
Isso me trás as lembranças de um passeio de bicicleta num domingo em igual horário. Neste instante sou remetido ao encontro da minha companheira de aventuras fantásticas.
São 6 da tarde e os sinos anunciam alguma coisa já há muito esquecida. São 6 da tarde e minhas lembranças são tocadas por esses mesmos sinos e a Ave Maria começa no radinho de pilha de casa e minha Avó corre e um lado pro outro preparando o jantar. São 6 da tarde e eu, moleque demente, corro da rua para dentro de casa e deliro com o aroma do feijão; sempre às 6 da tarde.
Minhas lembranças são retocadas por um sinal em direção ao vento que sopra de leve, nessa tarde quente. São 6 da tarde e as crianças correm nesta praça onde a bandeira do Brasil é recolhida ao som das cornetas dos policiais que ficam imóveis e em posição de algo que não sei.
A corneta ressoa e as crianças correm em direção ao som sem se preocuparem ou saberem de nada. Também não sei, mas paro e olho o ato.
O calor da tarde me faz querer uma cerveja e é isso que faço. Saudar a tarde feliz e repleta de vida ao sabor de uma cerveja.
Brindar a memória e o verão adiantado e reconhecer a vitalidade do momento e querer dizer um oi a qualquer passante.

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