CINECLUBE LUNETIM MÁGICO








O cinema não autorizado e o novo cineclubismo


Quem soube e não veio perdeu, quem não soube é uma pena, mas todo último sábado de cada mês acontece aqui na parte de baixo da Augusta (no centro de São Paulo) no Cineclube Baixa Augusta um trombar interessante: filme na tela e música nas pikacps de dois meninos artistas vindo das quebradas da Leste, juntamente com outros jovens, numa simbiose interessante, ou intrigante. DJs e filmes, pessoas que fazem e pessoas que curtem. Viva!

No último sábado, vinte e sete de setembro, mais uma vez o aprendizado do ver filme e debater-se, seguido de música para todos curtirem um pouco da noite de sábado que começa naquele espaço mesmo, para depois se estender, quem sabe, em outras paradas dessa mesma Rua... tão ao gosto de todos os meninos e meninas desse hoje atual. Afinal, a noite de São Paulo continua sendo o mesmo bebê de sempre. Sem pai nem mãe, é verdade.

Esse pessoal pertence ao Cineclube Lunetin Mágico, que em parceria com o Centro Cineclubista de São Paulo, vem ocupando a sala Cineclube Baixa Augusta, com essa maravilha de programa, agregando cineclube na vida noturna das pessoas... Essa palavra mágica que se tornou a palavra cineclube, encantando a todos, agora na vida de pelo menos setenta ou oitenta pessoas já está virando obrigatoriedade uma vez por mês (todo último sábado do mês)! Os filmes são produzidos pelos amigos, pelos conhecidos ou mesmo um ou outro cineasta que alguém teve contato e pôde levar o cara e os amigos deles na sessão, com debate, claro. Assim essa atividade vai num crescente, tomando rumos interessantes...

Nem vamos sondar a questão da qualidade dos filmes, porque o espaço aqui não pode se esticar muito, mas diria que não faz vexame mesmo, muito pelo contrário! Assim, essa moçada do Lunetin Futebol Mágico Clube... Ops, Digo, Cineclube Lunetin Mágico tá jogando um bolão. Falo assim porque o audiovisual (o cinema e suas variação imagéticas), está cada vez mais acessível e aos poucos as pessoas vão dominando essa arte, que já vai virando uma espécie de esporte de massa (como no início do século passado, quando o futebol ainda pertencia a uma meia dúzia de notáveis dos clubinhos dos ricos e aos poucos foi escapando para as quebradas do mundaréu que o Plínio Marcos tanto falava...).

Essa outra pelota aos poucos vai se popularizando também, e chegando às mãos e pés dos mortais todos desse lado de cá do muro. Não porque o sistema é bacana, mas porque perdeu o controle e agora qualquer Zé Mané mesmo- como se referem aos não autorizados a chutar essa bola- pode fazer o seu filme, cara!

Assim, os cineclubes da atualidade, os novos cineclubistas, vão formar seus times para jogar com outros times, montar campeonatos, torneios, etc., etc., etc., e nem precisa de camisa ou chuteira. Pois nesses jogos de fazer filmes e ver todos juntos, o uniforme e esses apetrechos todos são dispensáveis, são mesmo. Quando não, uma ida a Vinte e Cinco de Março resolve assunto e pronto.

Fico imaginando a cara dos juízes que não autorizaram essas partidas e nem podem, ao menos, apitar uma saída de bola, que seja... Coitados, vão ter que roer os dedos sem poder intervir naquilo que acham indevido e ofensivo à essa arte! Dá-lhe, atletas! Rs,rs,rs,rs... .Nesses jogos a regra fica por conta da turba, que organizadamente torce e apita as jogadas, e nem precisa dar na TV, porque todo mundo já sabe o dia, horário e local, pois todos ajudaram a organizar o lance. E tem mais, sempre vão organizar torneios que seja possível jogar com times de fora, na boa; sem ofender os outros timecos de casa. Pois, sabem, se não trocarem caneladas com outros de fora, ninguém vai aprender dribles ou lances novos. É isso.

Esse é o cineclubismo de hoje, além de exibir filmes, também produz; e nem precisa de teóricos do ramo para lhes dizer isso ou aquilo, já nascem com uma imagem na mão e idéias na cabeça, todas prontas, nem que seja na tela de um celular do Paraguai.

P.S.: ainda no meu laboratório por terminar, uma pequena crítica de um filme lançado no último dia sete de setembro, também no Cineclube Baixa Augusta, chamado A JUSTIÇA E A DEFESA, produzido por Sann Mendes, e direção de Valdimir Modesto - cinema exemplo dessa linhagem, digo, desse Cinema Não Autorizado. Um outro time de várzea, que não está nem aí para arbitragem. Eba!

Cacá Mendes


Crônica de Segunda
www.cronicaseg.blogspot.com



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