E sou o bailar dos pássaros
Satisfaço-me com esse bailar.
Ontem chorei
Como quase tudo da imaginação:
Divago.
Penso, olhando pro lago,
Que poderia reter a imensidão...
O olhar transforma tudo.
Essas gotículas que caem
Não são imaginárias.
O bailado arredio dessas
Vidas que temos,
Essas explicações não dizem nada,
Porém,
Esse lago me observa
E, de qualquer forma,
Não me contradiz.
Estou sentado nessa inexatidão
Subjetiva.
Cambaleio o olhar e
Tenho outras formas;
O infinito da matéria.
Alheio, permaneço e tento me esquecer.
Esqueço formas e conteúdos,
Pairo como um vento
Doido,
Repousando num canto qualquer
À espreita,
Pronto para lançar-se com toda força.
Vem, vem, sopra-me a face e
Faça esse bailado mais fragmentado.
Meu pensamento é um caderno onde anoto
Esses atos que não entendo.
Mas o vento, que repousava,
Agora inunda e escorre pelo meu rosto
Juntamente com minhas lágrimas.
O lago me observa, me conforta, me diz...
A revoada é sonora:
Ouvir com os olhos.
Garça branca pairando sobre as águas,
Lágrimas de inexatidão,
Pensamentos de ontem
E tudo mais que não resolvo.
Por mim ficava inerte
Só observando e sendo
Acalentado pela brisa.
Sentir a fluidez das águas
Com os pensamentos
Que em mim são emoções.
À beira desse lago, vivo,
Minha natureza,
Volto a estar criança:
Leve, arredio...
O tempo é aqui,
Um aliado.